Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Flávio Dino, G. Dias, Torres e Mauro Cid podem ser convocados à CPI Mista do 8 de Janeiro

Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso decide esta semana se convoca auxiliares de Lula e Bolsonaro para depor sobre invasão e depredação de prédios


Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro decidem esta semana quem serão os primeiros convocados e convidados para depor sobre os atos registrados no início do ano, que culminaram com a invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. 

Os deputados e senadores governistas querem chamar pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro e, naturalmente, os parlamentares da oposição querem convocar ministros e autoridades ligadas ao presidente Lula. Oficialmente, o objetivo da CPI Mista do Congresso Nacional é apurar eventuais responsáveis por falhas no sistema de segurança, que podem ter contribuído para que as cenas de vandalismo acontecessem.

Os principais "alvos" de pedidos de depoimentos são o ex-ministro da Justiça do governo passado, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do atual governo, general Gonçalves Dias. Há também vários pedidos para a convocação do atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O trabalho promete ser marcado por embates. Para o cientista político André Rosa, professor de ciência política na UDF, é impossível no atual momento saber quem vencerá a queda de braço. Ele entende que o embate promovido pelo assunto pode causar danos políticos para ambos os lados.

Queda de braço

“Os estragos causados pelos atos de vandalismo colocam  em risco os dois polos políticos – tanto do atual presidente - que tentou de alguma forma esvaziar a criação da CPMI -, como também dos aliados do ex-presidente Bolsonaro (que temem uma revelia em relação ao Judiciário) podem causar danos políticos inalcançáveis”, afirmou. Segundo o cientista político, ambos os lados tendem a ter um desgaste muito grande. 

“O próprio governo tem evitado, porque pode servir como instrumento de palanque para a oposição, que vem tentando de alguma forma mostrar um certo grau de protagonismo no Parlamento”, observou o professor.

Guerra de narrativas

Já o cientista político especializado em economia André César também destacou o que ele chama de “guerra de narrativas” entre o atual governo e a da oposição, que segundo ele, abre espaço muito mais para a apresentação de versões da realidade nas redes sociais e não privilegia o que, na visão do especialista, seria muito mais importante.

“Na verdade, a crítica é feita – que eu faço inclusive – é que a CPMI é absolutamente desnecessária porque já há várias investigações em curso sobre o assunto, e isso atrapalha o trabalho do governo”, declarou. 

“Este é um governo que enfrenta problemas no Congresso, em especial na Câmara, e esta CPMI atrapalha que o governo concentre energia com o que realmente importa para o governo, que é por exemplo o arcabouço fiscal, a reforma tributária e outras questões mais”, justificou.

Principais alvos

Os principais alvos de pedidos são o ex-ministro da Justiça do governo passado, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do atual governo, general Gonçalves Dias. Até agora já são 17 pedidos de convocação para Torres, e 14 requerimentos de convocação de G. Dias. Ambos sofrem a mesma acusação: terem colaborado ou negligenciado com a segurança, no cumprimento de suas funções, para que os atos de vandalismo acontecessem. 

Embora estivesse viajando aos Estados Unidos no dia 8 de janeiro, Torres era havia sido nomeado secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal pelo atual governador, Ibaneis Rocha (MDB-DF). Por outro lado, o ex-ministro do GSI do atual governo apareceu em filmagens do circuito interno do Palácio do Planalto praticamente confraternizando com alguns invasores que depredaram o prédio. Depois de o material ser veiculado na mídia, o general pediu demissão. 

Além de Torres e G. Dias, um dos alvos preferenciais dos congressistas é o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que deve ser um dos principais alvos da oposição (Ele tem 10 pedidos de convocação à CPMI). O movimento dos oposicionistas para criar uma CPI, inclusive, partiu de um arsenal de críticas e acusações contra o ministro, acusado de ter sido alertado previamente dos ataques, por órgãos da Segurança Pública, e não ter agido para impedi-los.  

Outro que também foi muito solicitado que compareça ao colegiado é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que está preso desde 3 de maio passado. Para que seja convocado, os parlamentares apresentaram 12 requerimentos. Cid foi preso, depois de ter sido alvo de operação da PF (Polícia Federal) que investiga a inserção de dados falsos em cartões de vacinas. 

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LOC: Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro decidem esta semana quem serão os primeiros convocados e convidados para depor sobre os atos registrados no início do ano, que culminaram com a invasão e a depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Os deputados e senadores governistas querem chamar pessoas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro e, naturalmente, os parlamentares da oposição querem convocar ministros e autoridades ligadas ao presidente Lula.

Oficialmente, o objetivo da CPI Mista do Congresso Nacional é apurar eventuais responsáveis por falhas no sistema de segurança, que podem ter contribuído para que as cenas de vandalismo acontecessem. Por enquanto, os principais "alvos" da CPI são o ex-ministro da Justiça do governo passado, Anderson Torres, e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do atual governo, Gonçalves Dias.

Há também vários pedidos para a convocação do ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, e de Mauro Cid, ex-auxiliar do governo Bolsonaro. O trabalho promete ser marcado por embates. Para o cientista político André Rosa, professor de ciência política na UDF, é impossível saber quem vencerá a queda de braço, que pode causar danos para ambos os lados.

SONORA: cientista político André Rosa, professor de ciência política na UDF
“Os estragos causados pelos atos de vandalismo colocam, ali, os dois polos tanto do atual presidente - que tentou de alguma forma esvaziar a criação da CPMI -, como também os aliados do ex-presidente Bolsonaro (que temem uma revelia em relação ao Judiciário) pode causar danos políticos inalcançáveis. Obviamente que, ambos os lados, tendem a ter um desgaste muito grande. O próprio governo tem evitado, porque pode servir como instrumento de palanque para a oposição, que vem ali tentando de alguma forma mostrar um certo grau de protagonismo no Parlamento.”


LOC: Já o cientista político especializado em Economia André César destacou o que ele chama de “guerra de narrativas” entre o atual governo e a oposição, que segundo ele abre espaço muito mais para a apresentação de versões da realidade nas redes sociais e não privilegia o que, na visão do especialista, seria muito mais importante.

SONORA: André César, cientista político especializado em Economia
“É uma guerra de narrativas: tem a do governo e a da oposição. Na verdade, a crítica é feita – que eu faço inclusive – é que a CPMI é absolutamente desnecessária. Porque você já tem várias investigações em curso, diversas instâncias, Polícia Federal inclusive e outras mais. E um governo que está com problemas no Congresso, em especial na Câmara né, um governo que sente muita dificuldade no dia a dia, é um movimento é muito ruim. Que atrapalha que concentre energia com o que realmente importa para o governo, que é por exemplo o arcabouço fiscal, a reforma tributária e outras questões mais.”


LOC: Os embates na CPI Mista do Congresso Nacional já começaram e devem se intensificar na votação dos vários requerimentos apresentados no colegiado, que incluem - ainda - alguns pedidos de convocação do ex-presidente Bolsonaro e de 8 ministros do governo Lula.

Reportagem: José Roberto Azambuja