12/08/2025 03:00h

Os primeiros resultados do Projeto Ouro Brasil, com mapeamento detalhado das ocorrências de ouro no país e foco na Zona de Cisalhamento Congonhas-Itaverava (MG), foram apresentados

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou os primeiros resultados do Projeto Ouro Brasil, iniciativa geocientífica para o mapeamento e estudo detalhado das ocorrências de ouro no território nacional. Publicado no Journal of South American Earth Sciences, o estudo mostra dados obtidos ao longo dos últimos quatro anos para identificar os parâmetros morfométricos e microquímicos do ouro.

Realizadas em uma área-piloto ao sul do Quadrilátero Ferrífero mineiro, as análises conduzidas por empresas de mineração nas últimas décadas (nenhuma delas ainda resultando em descobertas economicamente viáveis), mostraram que a área é considerada de exploração inicial para a mineração industrial. Apesar de sua localização estratégica e relevância histórica, há uma notável carência de dados sobre os estilos e controles da mineralização aurífera associada à Zona de Cisalhamento Congonhas-Itaverava. “Este trabalho é fundamental, pois apresenta dados novos e robustos sobre o ouro aluvionar da Zona de Cisalhamento Congonhas-Itaverava, contribuindo para preencher uma lacuna significativa no conhecimento geocientífico dessa região”, explica Cassiano Castro.

O Projeto Ouro Brasil também tem áreas-piloto no Rio Madeira, em Rondônia; Sudeste do Tapajós, no Pará; e no oeste de Pernambuco. A metodologia será aplicada em outras regiões auríferas do Brasil com o objetivo de criar um banco de dados nacional que contribuirá para o entendimento metalogenético acerca das principais províncias e distritos auríferos do Brasil. O acervo do SGB já conta com 30 mil partículas de ouro e as análises no território nacional devem começar a partir de 2026.

O SGB e a Polícia Federal firmaram, em 2024, um Acordo de Cooperação Técnica que prevê a troca de experiências e o uso de conhecimento geocientífico para fortalecer a rastreabilidade do minério. Com isso, os dados produzidos pelo SGB passam a subsidiar diretamente o trabalho da Polícia Federal em áreas sob investigação. “Dar visibilidade ao trabalho técnico do SGB é fundamental para destacar a relevância da pesquisa científica no setor mineral e seu papel na proteção dos nossos recursos”, destaca a equipe responsável pelo projeto. O público-alvo do estudo inclui especialistas, jornalistas e todas as pessoas interessadas no tema da mineração responsável. O SGB disponibiliza outros conteúdos relacionados ao projeto, como o episódio do programa Papo Geológico que aborda as tecnologias e estratégias utilizadas na pesquisa do ouro. O episódio pode ser conferido pelo https://www.youtube.com/watch?v=d7hs27uf8Jo.

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11/08/2025 01:00h

Exportações indiretas de aço cresceram 23% em dez anos, atingindo 392 milhões de toneladas em 2023, segundo relatório da Worldsteel.

Segundo a worldsteel, as exportações indiretas de aço para os 74 países analisados totalizaram 392 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 23% sobre as 319 milhões de toneladas de aço exportadas em 2013. O volume de comércio indireto de aço foi equivalente a 95% das exportações diretas em 2023. O comércio indireto de aço ocorre por meio de exportações e importações de produtos que contêm aço.

Os dados comerciais de produtos manufaturados (comércio de produtos que contêm aço) são reportados tanto em valor quanto em volume. Para processar os cálculos do comércio indireto de aço, é necessário contabilizar a quantidade de aço utilizada na produção de cada produto manufaturado, ou seja, os coeficientes de aço de cada produto, expressos em termos de peso do produto. Na metodologia da worldsteel, o coeficiente de aço é a quantidade de produtos de aço acabado (em toneladas) necessária para produzir uma tonelada de um produto manufaturado.

Para a classificação de produtos, o estudo de comércio indireto da worldsteel adotou o Sistema Harmonizado de Descrição e Codificação de Mercadorias (SH) das Nações Unidas. Códigos SH de até seis dígitos são usados para definir produtos comercializados de forma detalhada, o que envolveu o uso de aproximadamente 1.000 códigos no estudo. Os dados comerciais e os resultados dos cálculos foram sintetizados neste estudo e apresentados para seis grupos de commodities: produtos metálicos, máquinas mecânicas, equipamentos elétricos, eletrodomésticos, automotivo e outros transportes. Estes correspondem aos grupos de setores que utilizam aço convencionalmente, utilizados pela Worldsteel na análise da produção industrial ponderada pelo aço (SWIP). A fonte de dados comerciais usada no atual estudo sobre comércio indireto é o Banco de Dados de Estatísticas de Comércio de Mercadorias das Nações Unidas (UN Comtrade).

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10/08/2025 02:00h

O Brasil detém 23% das reservas mundiais de terras raras, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), e busca ampliar o conhecimento geológico e transformar esse potencial em reservas explotáveis, apesar da produção atual ser inferior a 1% da mundial

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) informa que o País é o maior detentor global de reservas de nióbio (94%) – com 16 milhões de toneladas. No ranking global, é o segundo maior em reservas de grafita, com 74 milhões de toneladas (26%), e de terras raras, com 21 milhões de toneladas (23%). No caso do níquel, o Brasil possui a terceira maior reserva global, com 16 milhões de toneladas (12%) das reservas mundiais. Os dados são apresentados na publicação “Uma Visão Geral do Potencial de Minerais Críticos e Estratégicos do Brasil”, do SGB. “O trabalho que realizamos subsidia políticas públicas, orienta investimentos privados e fortalece a presença do Brasil em cadeias produtivas globais essenciais para a transição energética, segurança alimentar e o desenvolvimento tecnológico”, destaca o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo.

Para Melo, os desafios do Brasil para as próximas décadas são ampliar o conhecimento geológico e transformar o enorme potencial geológico dos recursos minerais estratégicos em reservas minerais explotáveis e bem conhecidas. “Precisamos descobrir novas ocorrências e superar as limitações tecnológicas e logísticas”, afirmou. Apesar do potencial mineral, o país produziu, em 2024, apenas 20 toneladas de terras raras, menos de 1% da produção mundial, que foi de 390 mil toneladas.

Atualmente, a China lidera os volumes de suas reservas e produção de elementos terras raras, mas, sobretudo, na cadeia tecnológica de separação e refino para obtenção de óxidos de alta pureza (em inglês, REO). “Parcerias entre o SGB, outras ICTs e o setor privado serão o caminho seguro para o desenvolvimento de novas tecnologias que se tornarão a chave para o Brasil transformar recursos estimados em depósitos minerais medidos e viáveis economicamente”, destaca o diretor-presidente. A maior parte dos recursos medidos de Elementos Terras Raras (ETRs) no Brasil está concentrada, principalmente, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Bahia, além de Sergipe. Esses estados abrigam os principais tipos de depósitos com potencial econômico de ETRs, conforme levantamentos do SGB, da Agência Nacional de Mineração (ANM) e de estudos técnicos consolidados.

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos com propriedades similares encontradas em alguns minerais. São definidos como terras raras os 15 lantanídeos, além do escândio e do ítrio. Os principais elementos são os utilizados para fabricação dos ímãs magnéticos, que são o neodímio, praseodímio, térbio e o disprósio. Os elementos terras raras são encontrados como produtos secundários em depósitos de outros bens minerais, principalmente em depósitos de nióbio e fosfato (PO4). Dos mais de 200 minerais que contêm ETR, apenas alguns têm potencial para formar depósitos econômicos desses elementos e são explorados atualmente: bastnaesita, monazita, xenotímio e loparita. Apesar de não serem escassos na natureza, os elementos terras raras (ETR) são considerados críticos devido à complexidade dos processos envolvidos em sua extração e beneficiamento.

Os elementos terras raras são usados para melhorar a eficiência de diversos produtos de alta tecnologia e de energia limpa, com destaque para a aplicação em turbinas eólicas e motores elétricos, além da aplicação em equipamentos aeroespaciais, como satélites, foguetes e mísseis. Os elementos têm altas propriedades magnéticas, elétricas, catalíticas e luminescentes.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolve estudos para identificar áreas com potencial e impulsionar o desenvolvimento da cadeia de valor de terras raras. A principal iniciativa é o Projeto de Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil, inserido na linha de atuação “Minerais Estratégicos para Transição Energética”, dentro da Ação do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC do governo federal. Atualmente, o projeto desenvolve atividades nos estados de Goiás e Tocantins (Província Estanífera de Goiás), Minas Gerais (Província Alto Paranaíba), Bahia (Província Jequié e região de Prado) e Paraná, São Paulo e Santa Catarina (Vale do Ribeira). Além desse projeto, há outras pesquisas do SGB relacionadas a terras raras em áreas potenciais dos estados Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Piauí. A Elevação do Rio Grande também tem sido estudada. Em todo o país, o SGB realiza pesquisas sobre o potencial mineral e identifica áreas com indícios favoráveis à presença de elementos terras raras e outros minerais estratégicos.

Em Araxá (MG), os minerais com terras raras nas rochas alcalinas são apatita e calcita. Na região de Poços de Caldas (MG), há diversas empresas de mineração pesquisando para terras raras e já identificaram recursos de 950 milhões de toneladas com teor de 0,25% de TREO. As pesquisas do SGB também indicam ocorrências de terras raras no município de Tapira (MG), conhecido pelas mineralizações de fosfato, nióbio e titânio. Já em Goiás, o SGB cita o município de Minaçu (GO) como destaque, com recursos estimados de 910 milhões de toneladas. É a primeira mina fora da Ásia a operar um depósito de argila iônica – um tipo de mineralização considerada a principal fonte de terras raras pesadas do mundo e que possui o processo de extração de ETR com maior rentabilidade. Até então, apenas a China produzia terras raras em depósitos desse tipo. A mina de Serra Verde possui recursos medidos de cerca de 22 milhões de toneladas, conforme o relatório técnico da empresa de 2015.

O termo produção industrial de terras raras refere-se ao conjunto de operações, como processos físicos, químicos e metalúrgicos, necessários para transformar minérios contendo ETRs em produtos comercializáveis em escala industrial, em especial os óxidos de terras raras – produtos de alto valor agregado. A Mineração Serra Verde, em Minaçu (GO), comercializa como produto final um concentrado misto de óxidos de terras raras (REO – Rare Earth Oxides), com destaque para os elementos magnéticos críticos. Em Nova Roma (GO), há um projeto com recursos de terras raras estimados em 168,1 milhões de toneladas. Além disso, há ocorrências nas regiões de Catalão (GO) e em outros corpos graníticos da Província Estanífera de Goiás (GO).

No Amazonas, há ocorrências identificadas no depósito de Seis Lagos, um depósito de nióbio com altas concentrações de terras raras. O recurso estimado é de 43,5 milhões de toneladas de ETR. É importante reforçar que a região é uma reserva legal indígena, portanto, a exploração é impedida por restrições legais, enquanto o depósito de Pitinga, no município de Presidente Figueiredo (AM), é também conhecido como distrito mineiro de vários bens minerais, dos quais a cassiterita é o bem mineral principal. Os elementos terras raras são encontradas nos minerais xenotima, gagarinita, niobidatos e fluocerita. Desses, a xenotima é o principal mineral com terras raras. Esse depósito é considerado um dos poucos com potencial expressivo de ETRs pesados, mas ainda sem exploração dedicada.

Na Bahia, o Complexo de Jequié tem depósito de bauxita conhecido e recentemente uma província mineral constatou com mineralizações de alto teor de terras raras (11,2% de TREO) associados a outros bens minerais como nióbio, urânio, tântalo, escândio, bauxita e gálio no Projeto Pelé. O depósito pesquisado pela Brazilian Rare Earth tem mineralização associada a rocha com teor de até 40,5% de TREO no Projeto Velhinhas e em rocha alterada, denominada areais de monazita que chegam a teor de 7, 9% no projeto Pelé. Além deste, na região de Prado há depósito de monazita em minerais pesados da planície costeira. No início do século passado, a região de Cumuruxatiba foi produtora de monazita.

Por último, em Sergipe, na porção norte do estado, há depósito de monazita em minerais pesados em antigos cordões litorâneos e dunas do delta do Rio São Francisco. Há recursos JORC totais de 196 milhões de toneladas com 0,4% de concentrado de monazita. Este é um novo projeto na região.

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08/08/2025 22:00h

O setor mineral brasileiro registra crescimento de 41,6% no faturamento com minerais críticos no primeiro semestre de 2025, impulsionado por ouro e cobre, mas enfrenta desafios com novas tarifas dos EUA sobre minérios

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) divulgou que o setor mineral registrou exportações minerais de US$ 20 bilhões (-6,5%) e 192,5 milhões (3,7%) de toneladas e importações de US$ 4 bilhões (-5,3%) e 19,9 milhões de toneladas, com o comércio exterior de minérios gerando superávit de US$ 16 bilhões (-6,78%) no primeiro semestre de 2025, o equivalente a 53% do saldo total da balança comercial brasileira (US$ 30,09 bilhões). No mesmo período do último ano, a participação havia sido de 41%. No primeiro semestre do ano corrente, a indústria da mineração registrou alta no faturamento, no recolhimento de tributos (ambos cresceram 7,5%) e na geração de empregos com mais 5.085 vagas criadas no período, totalizando 226 mil empregos diretos.

A manutenção do desempenho crucial do comércio exterior de minérios se vê ameaçada pelas medidas tarifárias anunciadas pelos Estados Unidos, previstas para entrar em vigor a partir de 6 de agosto (+ 40% de taxas comerciais), já que afetam parte das vendas externas de minérios. Isso restringe o potencial de exportação e reforça a urgência de diversificar mercados e produtos, além de ampliar a produção interna de forma responsável, sustentável e segura, alerta o IBRAM. O diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, ao lado do diretor de Assuntos Minerários, Julio Nery, conduziu a apresentação dos dados em entrevista coletiva à imprensa brasileira e estrangeira. Jungmann apresentou lista dos minérios impactados pelo tarifaço e os que não sofrerão a sobretaxa, segundo dados oficiais de 2024. As vendas externas impactadas pelas novas tarifas (24,4% das exportações de minérios): sobretudo pedras/rochas ornamentais (19,4%), além de caulim (1,2%), pentóxido de vanádio (1,0%), alumínio (0,3%), cobre (0,009%) e manganês (0,007%). Já as exportações não impactadas (75,6% das exportações de minérios): outras pedras/rochas ornamentais (27,1%), ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (12,2%), nióbio (10,6%).

Atualmente, cerca de 4% das exportações de minérios do Brasil seguem anualmente para os EUA. Entre janeiro e junho de 2025, o IBRAM mostra, com base em dados oficiais, que os EUA concentraram 57,6% do valor, em dólar, das exportações brasileiras de pedras/rochas ornamentais, além de relevância em vanádio (34,1% em dólar) e nióbio (8,1% em dólar); 5% em caulim; 3% em ouro semimanufaturado; em ferro, a participação é baixa (1,8% do valor). No 1S24, os padrões foram semelhantes, com algumas oscilações por item. Em relação às importações de minérios dos EUA pelo Brasil, elas totalizam cerca de 20%. Uma preocupação das mineradoras é a possibilidade de sobretaxas de reciprocidade nas importações vindas dos EUA, com efeito colateral sobre máquinas e equipamentos de grande porte – caminhões >100 t, escavadeiras, carregadeiras, moinhos etc., importados em grande parte dos EUA. A estimativa setorial indica elevação de custos da ordem de US$ 1 bilhão/ano, o que reduziria competitividade e poderia postergar projetos, estima o IBRAM.

Segundo o IBRAM, o faturamento com minerais críticos atingiu R$ 21,6 bilhões no primeiro semestre, 41,6% de aumento em relação a um ano antes (R$ 15,2 bilhões). As exportações de minerais críticos totalizaram U$S 3,64 bilhões (+5,2%), correspondente a 3,58 milhões de toneladas. A previsão é de investimentos de US$ 18,45 bilhões até 2029 para a produção de minerais críticos. O IBRAM alerta que o Brasil precisa tomar providências, como aprovar política pública, para expandir a produção mineral, em especial, dos minerais críticos e estratégicos (MCEs) para diversas finalidades, como a transição energética; para tecnologias como baterias de veículos elétricos (lítio, níquel), para fabricar ímãs de alta performance (terras raras) e ligas avançadas (nióbio). Por serem alvos de interesse prioritário de muitas nações, os MCEs constituem vantagem competitiva para o Brasil atrair parceiros comerciais e investidores internacionais para implantar cadeias produtivas, inclusive, para agregar valor aos minérios, via processamento industrial.

O Brasil figura entre os líderes globais em reservas e em produção de diversos minerais críticos e estratégicos (em ordem alfabética) – bauxita/alumínio (4º em reservas e em produção); chumbo (10º em reservas e 37º em produção); cromo (6º em reservas e 7º em produção); grafita (2º em reservas e 4º em produção); lítio (7º em reservas e 5º em produção); nióbio (1º em reservas e em produção); níquel (3º em reservas e 8º em produção); terras raras (2º em reservas e 11º em produção); titânio (4º em reservas e 16º em produção); vanádio (4º em reservas e 5º em produção); zinco (12º em reservas e 14º em produção).

O setor mineral faturou R$ 139,2 bilhões no primeiro semestre de 2025, aumento de +7,5% sobre o mesmo período de 2024. Entre as substâncias, minério de ferro R$ 73,5 bi (-8,2%), o equivalente a 52,8% do faturamento do setor; ouro R$ 17,6 bi (+80%); cobre R$ 14,6 bi (+63,2%); bauxita R$ 3,2 bi (+21,3%). Por estado, Minas Gerais teve participação de 39,7% no faturamento, seguido por Pará (34,6%), Bahia (4,8%).

O minério de ferro foi responsável por 63% das exportações, mas observou recuo de 17,4% em US$ no 1S25 na comparação com o 1S24, em razão do comportamento do preço deste produto. As exportações desse minério totalizaram US$ 12,7 bilhões no 1S25, com a venda de 185,9 milhões de toneladas (+3,8%). As exportações de cobre totalizaram US$ 2,1 bilhões, aumento de 14,4% em relação ao 1S24. As de nióbio somaram US$ 1,23 bilhões, aumento de 7%. As exportações de manganês totalizaram US$ 56 milhões, aumento de 102,4%. As exportações de pedras e revestimentos totalizaram US$ 739 milhões, aumento de 23,8%. Houve queda de 11% para vendas externas de bauxita; 2,3% de caulim, entre outros minérios.

O Brasil importou cerca de US$ 2 bilhões em potássio (+6,6%) e US$ 238 milhões em enxofre (+106,7%). E reduziu compras de carvão (-25,3%); rocha fosfática (-23,3%), entre outros minérios. Tributos e encargos totais recolhidos pela mineração (1S25): R$ 48 bi (+7,5%) em relação ao 1S24. CFEM (1S25): R$ 3,7 bi (+1,4%); ferro responde por 69,4% da CFEM; MG e PA recolhem 45,3% e 39,2%, respectivamente. Empregos diretos:067; variação +5.085 vagas de janeiro a junho (fonte Novo Caged). Os investimentos previstos para o período de 2025–2029 somam US$ 68,4 bilhões (+6,6% vs. US$ 64,15 bi projetados para o período anterior 2024-2028), com destaque para o minério de ferro 28,7% do total, socioambientais 16,6%, logística 15,9%, cobre 10,7%; fertilizantes +8,2%; terras raras: +49%.

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05/08/2025 01:00h

A produção do Minas-Rio cresceu 7% no segundo trimestre de 2025, impulsionada pela maior recuperação de massa e estabilidade operacional, com EBITDA de US$ 561 milhões, enquanto as operações de níquel se mantiveram estáveis e seguem em processo de venda.

O Sistema Minas-Rio produziu 13,1 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado é fruto da maior recuperação de massa na planta de beneficiamento, impulsionada pela menor variabilidade do minério, maior teor de ferro, disciplina operacional aprimorada e estabilidade garantida pela maior disponibilidade de equipamentos. O EBITDA do Minas-Rio alcançou aproximadamente US$ 561 milhões, 7% a mais em comparação com os seis primeiros meses de 2024, impulsionado principalmente pelos maiores volumes de vendas e pela redução de custos unitários, reflexo da desvalorização do Real e do aumento da produção.

As operações de níquel em Barro Alto e Niquelândia (GO) se mantiveram estáveis, com 19,3 mil toneladas produzidas no primeiro semestre de 2025. O EBITDA do negócio de níquel alcançou cerca de US$ 43 milhões, um aumento de 5%, comparado ao primeiro semestre do ano passado. O resultado também reflete maior volume de vendas e menor custo unitário, em função de melhor eficiência de custo, menor preço dos insumos e desvalorização do Real. As unidades seguem em processo de venda, conforme anunciado anteriormente.

“Nosso desempenho no Brasil embasa a estratégia de transformação da Anglo American global, em busca de uma empresa cada vez mais segura, sustentável e que gera valor a todas as partes relacionadas ao nosso negócio. Sabemos que o minério de ferro premium produzido pelo Minas-Rio ocupa uma posição estratégica no cenário mineral global, contribuindo para a descarbonização na cadeia produtiva do aço e para transição energética. Estamos confiantes que seguiremos cumprindo o nosso propósito de forma responsável, colaborando com o desenvolvimento do nosso país”, afirma Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil. A previsão de produção da companhia para o Minas-Rio em 2025 segue entre 22 e 24 milhões de toneladas e, para o negócio de níquel, permanece entre 37 e 39 mil toneladas.

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02/08/2025 01:00h

Missão japonesa visitará Goiás em agosto para avaliar o potencial de investimentos em terras raras, visando reduzir a dependência da China e impulsionar o desenvolvimento tecnológico no estado.

O governo do Japão enviará uma missão técnica a Goiás em agosto, para avaliar oportunidades de investimentos no setor mineral. O anúncio foi feito após encontro entre o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki, e o governador Ronaldo Caiado, durante missão oficial realizada em Tóquio nesta semana. O foco das tratativas está no potencial de Goiás como alternativa estratégica ao domínio chinês na produção de terras raras — grupo de 17 minerais essenciais para tecnologias como veículos elétricos, turbinas eólicas, baterias e sistemas militares. Goiás concentra jazidas promissoras em regiões como Minaçu, Nova Roma e Iporá, e abriga projetos de destaque como SVPM | Mineração Serra Verde e Aclara Resources.

O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de óxidos de terras raras, atrás apenas da China, que responde por mais de 90% da produção global. Para avançar na cadeia de valor, Goiás busca parcerias internacionais capazes de aportar tecnologia na etapa mais crítica: a separação dos metais presentes nos minérios. Segundo Caiado, o Japão tem a expertise necessária para superar esse gargalo técnico. A missão também discutiu o avanço de políticas estaduais em ciência e tecnologia.

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31/07/2025 00:00h

Trump impõe tarifa de 50% sobre diversos produtos minerais, enquanto minério de ferro e ferro-gusa são isentos.

O decreto "Addressing Threats to The United States by the Government of Brazil", assinado pelo presidente americano Donald Trump em 30 de julho de 2025, impõe tarifas adicionais de 50% sobre produtos brasileiros, mas preserva estrategicamente os principais insumos da cadeia siderúrgica nacional. A medida, que entra em vigor no dia 6 de agosto, revela uma clara divisão: matérias-primas minerais essenciais ficaram protegidas, enquanto produtos de maior valor agregado enfrentarão sobretaxas significativas.

Justificada como resposta a uma "emergência nacional", a decisão americana mostra uma estratégia calculada de manter acesso privilegiado a insumos críticos para sua indústria, ao mesmo tempo em que protege setores manufatureiros domésticos de produtos mais elaborados.

PRODUTOS MINERAIS ISENTOS (sem taxa extra):

Minérios e concentrados fundamentais:

  • Minério de ferro não aglomerado (código 2601.11.00)
  • Minério de ferro aglomerado (código 2601.12.00)
  • Minérios de estanho e concentrados (código 2609.00.00)
  • Mica bruta (código 2525.10.00)

Cadeia siderúrgica completa:

  • Ferro-gusa não ligado com 0,5% ou menos de fósforo (código 7201.10.00)
  • Ferro-gusa não ligado com mais de 0,5% de fósforo (código 7201.20.00)
  • Ferro-gusa ligado em blocos ou formas primárias (código 7201.50.30)
  • Spiegeleisen em blocos ou formas primárias (código 7201.50.60)
  • Produtos ferrosos obtidos por redução direta do minério de ferro (código 7203.10.00)
  • Produtos ferrosos esponjosos e ferro com pureza mínima de 99,94% (código 7203.90.00)

Ferroligas estratégicas:

  • Ferroníquel (código 7202.60.00)
  • Ferronióbio com menos de 0,02% de fósforo/enxofre ou menos de 0,4% de silício (código 7202.93.40)
  • Ferronióbio, outras especificações (código 7202.93.80)

Metais básicos processados:

  • Silício contendo menos de 99,99% mas não menos de 99% (código 2804.69.10)
  • Silício contendo menos de 99% (código 2804.69.50)
  • Resíduos e sucata de estanho (código 8002.00.00)
  • Óxidos de estanho (código 2825.90.20)
  • Cloretos de estanho (código 2827.39.25)

Produtos químicos da mineração:

  • Óxido de alumínio, exceto corindo artificial (código 2818.20.00)
  • Hidróxido de potássio - potassa cáustica (código 2815.20.00)
  • 1,2-dicloropropano e diclorobutanos (código 2903.19.05)
  • Hexacloroetano e tetracloroetano (código 2903.19.10)
  • Cloreto de sec-butila (código 2903.19.30)
  • Outros hidrocarbonetos clorados saturados (código 2903.19.60)

Metais preciosos:

  • Barras de prata e dore (código 7106.91.10)
  • Ouro não monetário, barras e dore (código 7108.12.10)

Fertilizantes específicos:

  • Fertilizantes em tabletes ou formas similares, pacotes até 10kg (código 3105.10.00)
  • Fertilizantes contendo nitrogênio, fósforo e potássio (código 3105.20.00)
  • Fertilizantes contendo fósforo e potássio (código 3105.60.00)

 
PRODUTOS MINERAIS QUE SERÃO TAXADOS (50%):

Observação importante: O decreto lista especificamente apenas os produtos ISENTOS. Todos os demais produtos minerais brasileiros não listados acima estarão sujeitos à tarifa adicional de 50%. Isso inclui:

Metais não-ferrosos processados:

  • Alumínio e suas ligas (tubos, perfis, chapas)
  • Cobre e produtos de cobre elaborados
  • Zinco e produtos de zinco
  • Chumbo e produtos de chumbo
  • Níquel (exceto ferroníquel)
  • Outros metais não-ferrosos manufaturados

Produtos siderúrgicos elaborados:

  • Aços especiais e inoxidáveis
  • Produtos laminados de aço
  • Tubos e conexões de aço (não isentos especificamente)
  • Produtos forjados e usinados
  • Estruturas metálicas
  • Ferramentas e implementos de aço

Materiais de construção mineral:

  • Rochas ornamentais não listadas especificamente
  • Agregados beneficiados
  • Materiais cerâmicos industriais
  • Produtos de concreto
  • Materiais refratários elaborados
  • Telhas e tijolos especiais

Minerais industriais processados:

  • Caulim beneficiado
  • Feldspato processado
  • Quartzo industrial elaborado
  • Bentonita processada
  • Talco industrial
  • Barita beneficiada
  • Fluorita processada
  • Grafita elaborada

Produtos químicos minerais:

  • Fertilizantes não especificados nas isenções
  • Produtos químicos derivados de minerais
  • Pigmentos minerais
  • Cargas minerais para indústria
  • Abrasivos minerais

Gemas e materiais preciosos processados:

  • Pedras preciosas lapidadas
  • Pedras semipreciosas trabalhadas
  • Produtos de joalheria com minerais

Produtos de mineração de alta tecnologia:

  • Terras raras processadas
  • Minerais para eletrônicos
  • Materiais para baterias (exceto lítio básico)
  • Minerais para energia renovável

Outros produtos minerais elaborados:

  • Vidros especiais
  • Fibras minerais
  • Materiais compostos com base mineral
  • Produtos de minerais não-metálicos manufaturados

A estratégia americana fica evidente na análise das isenções: produtos que alimentam diretamente a cadeia industrial americana foram preservados. O minério de ferro garante o funcionamento das siderúrgicas, as ferroligas são essenciais para aços especiais, e os metais preciosos têm valor estratégico para reservas nacionais.

Em contrapartida, produtos que representam competição direta com a indústria americana ou demonstram maior agregação de valor brasileiro foram penalizados. Essa divisão força uma reflexão sobre a estratégia exportadora brasileira: enquanto commodities básicas mantêm acesso livre, a industrialização desses insumos encontra barreiras no mercado americano.

Para o setor mineral brasileiro, isso significa uma pressão para diversificar mercados de destino para produtos elaborados, enquanto mantém a posição competitiva em insumos básicos. A decisão também pode acelerar investimentos em processamento doméstico de produtos destinados a outros mercados internacionais.

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26/07/2025 03:30h

O SGB inicia pesquisas de minerais críticos como terras raras, fosfato e nióbio no oeste de Minas Gerais, impulsionando a geologia e a mineração na região.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) iniciou, em julho, pesquisas no oeste de Minas Gerais para investigar áreas potenciais e ocorrências de minerais críticos, como terras raras (ETRs), fosfato e nióbio, além de outros bens minerais estratégicos, incluindo titânio, alumínio, cobre, ouro e diamantes. Os recursos minerais são essenciais para novas tecnologias, como carros elétricos, turbinas eólicas e equipamentos eletrônicos. Os estudos integram o projeto “Geologia e Avaliação do Potencial Mineral da Província Ígnea do Alto Paranaíba”, desenvolvido no âmbito do Programa Mineração Segura e Sustentável, Ação Pesquisa Mineral do Novo PAC. As atividades são realizadas nas áreas dos complexos alcalino-carbonatíticos de Serra Negra, Salitre I, II e III, Araxá e Tapira, bem como nas unidades subvulcânicas e piroclásticas do Grupo Mata da Corda. “Essas unidades geológicas são reconhecidas pelo elevado potencial mineral, incluindo a possível presença de ETRs em argilas iônicas formadas por intemperismo químico”, explica o pesquisador em geociências Paulo Dias. Os dados obtidos vão ajudar a entender melhor o potencial mineral do local e apoiar decisões do setor público e privado.

A iniciativa está alinhada com as diretrizes e metas de documentos estratégicos do setor mineral e com o programa mineração segura e sustentável, além de contribuir diretamente para o avanço do conhecimento geológico e o desenvolvimento sustentável do setor mineral brasileiro. Os trabalhos são realizados pelo Departamento de Recursos Minerais, por meio da Gerência de Geologia e Recursos Minerais de Belo Horizonte.

A equipe do SGB composta pelos pesquisadores Paulo Dias, Joana Magalhães, Raianny Ferreira, Cassiano Castro e Francisco Vilela realizou visita técnica ao Complexo Alcalino-Carbonatítico de Salitre, em parceria com a Mosaic, representada pelos geólogos Rodolfo Gonçalves, Giovanna Moreira e Carla Grasso, que conduziram a visita de campo à mina e seu entorno, apresentando testemunhos de sondagem e os principais aspectos geológicos da região. A atividade foi essencial para alinhamento técnico e padronização do conhecimento geológico da equipe do SGB, além de fornecer subsídios importantes para o planejamento das próximas etapas investigativas com foco nos dados geofísicos e geoquímicos da área. As próximas fases do projeto incluem novos trabalhos de campo nos afloramentos, depósitos e minas associados ao Grupo Mata da Corda, bem como a caracterização estratigráfica e mineralógica dessa unidade, com base em testemunhos doados ao SGB.

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22/07/2025 00:00h

Com R$ 70 bilhões em investimentos, o plano Novo Carajás da Vale mira ampliar a produção de minério de ferro e cobre no Pará, gerando impacto econômico, mas enfrenta desafios em sustentabilidade e relações com comunidades locais

No ano em que completa 40 anos do primeiro embarque de minério de ferro proveniente da mina de Carajás, a Vale desenhou um ambicioso plano de expansão na região, denominado Novo Carajás, para o qual estão previstos investimentos da ordem de R$ 70 bilhões, no período de 2025 a 2030. O plano está voltado principalmente ao aumento da produção de minério de ferro e expansão da produção de cobre. A expectativa é que o plano de expansão possa gerar um impacto significativo na economia do Pará, com estimativas de R$ 80 a R$ 100 bilhões por ano e um aumento de R$ 15 bilhões nas exportações do estado.

A Vale admite que a expansão na Amazônia, especialmente a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, tem gerado controvérsias e desafios, incluindo impactos em terras indígenas e comunidades locais, e que tem enfrentado críticas e discussões sobre seus pedidos de exploração em terras indígenas e o relacionamento com esses povos.

No entanto, segundo a empresa, o seu plano na Amazônia “é um grande investimento para aumentar a produção de minerais estratégicos para a transição energética global, ao mesmo tempo em que busca alinhar essa expansão com uma agenda de sustentabilidade e desenvolvimento econômico regional”.

Uma das iniciativas na região contempla mineração circular, como é o caso do projeto Gelado, já em operação. Até 2030, a Vale prevê que 10% de sua produção total de minério de ferro seja composta por produtos de mineração circular.

“O Projeto Gelado, que deverá atingir até 2030, uma produção de 6 milhões t/ano, resultante do reaproveitamento de rejeito, terá um papel fundamental nessa meta, em direção a uma mineração sem rejeitos e produtos com baixa pegada de carbono”, destaca Gildiney Sales, diretor do Corredor Norte da Vale. Com investimento de US$ 428 milhões, o Projeto Gelado produz minério a partir do reaproveitamento de rejeitos acumulados na barragem do Gelado ao longo dos 40 anos de operação da Vale em Carajás.

Além disso, a previsão é que, até 2027, 100% da produção de minério de ferro no Pará seja feita sem uso de água. Atualmente, 90% da produção de minério de ferro no Estado, que envolve as operações Serra Norte, Serra Sul (S11D) e Serra Leste, já operam a seco, sem o uso de água.

200 milhões de toneladas de minério de ferro

Em minério de ferro, a expectativa é que a capacidade de produção evolua para 200 milhões de toneladas/ano até 2030, adicionando 20 milhões t de capacidade na mina Serra Sul (S11D), compensando o esgotamento de outras minas que atualmente estão em operação. O objetivo da Vale é manter elevados níveis de produção em Carajás, porque o minério de ferro de alta qualidade é considerado crucial para a produção do chamado “aço verde”, com menor pegada de carbono. Hoje, graças ao Sistema Norte, a Vale tem pelo menos dois produtos considerados nobres no mercado, que são os Finos de Carajás (um produto com 65% Fe e baixos níveis de contaminantes como sílica, alumina e outros) e o Brazilian Blend Fines (com 62% Fe e baixa alumina, produzido a partir da mistura dos finos de Carajás e minério com alta sílica).

Atualmente, o Sistema Norte é responsável por mais da metade da produção de minério de ferro da Vale. Em 2024, de um total de 328 milhões de toneladas produzidas pela empresa, 177,5 milhões t foram aportadas pelos três complexos localizados no estado do Pará, sendo cerca de 94,5 milhões de toneladas em Serra Norte (incluindo Serra Leste) e 83 milhões t no complexo S11D.

De acordo com a empresa, o plano Novo Carajás “enfatiza a mineração a seco, uma abordagem tecnológica que busca um modelo de mineração mais responsável, especialmente por estar na Amazônia, em resposta a preocupações crescentes com segurança e meio ambiente”. Além disso, a Vale afirma que “se compromete a proteger a Amazônia em colaboração com comunidades locais, especialistas e organizações, e apoia iniciativas de bioeconomia na região”.

Atualmente a Vale possui três complexos de mineração de ferro em Carajás: o complexo da Serra Norte (que completou 40 anos de operação), o Serra Sul, conhecido como S11D, que opera desde 2016, e o Serra Leste, de operação mais recente, que produz desde 2014. Além disso, a empresa tem um projeto greenfield, ainda em fase de estudos de pré-viabilidade, que é o Serra do Rabo.

Em Serra Norte, as concessões minerárias abrangem uma área de 30 mil hectares, todas inseridas na área da FLONACA (Floresta Nacional de Carajás), enquanto Serra Sul tem 98.910 hectares (incluindo a área do projeto Serra do Rabo) e Serra Leste 9.915 hectares.

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20/07/2025 00:00h

Novo estudo do SGB revela expressivo potencial de titânio em regolitos no Paraná e Santa Catarina, abrindo caminho para a exploração desse mineral estratégico no Brasil

Um levantamento recente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) revelou potencial significativo para a ocorrência de mineralizações de titânio em regolitos – camadas de solo e rochas alteradas – na região oeste do Paraná e norte de Santa Catarina. A descoberta ecoa achados similares no Paraguai e posiciona o Brasil em um novo patamar na busca por um mineral estratégico, essencial para indústrias de alta tecnologia e para a transição energética global.

Conhecido por sua leveza, o titânio é resistente e tem grande durabilidade também e é um componente vital em setores que vão da aeroespacial à medicina, passando pela indústria de tintas e pigmentos. Apesar de sua importância, o Brasil ainda é um importador de dióxido de titânio, uma realidade que o SGB busca reverter com pesquisas aprofundadas. A motivação para o estudo atual surgiu da constatação de que o Grupo Serra Geral, uma vasta formação basáltica que se estende pelo sul do Brasil, compartilha características geológicas com áreas no Paraguai onde depósitos supergênicos de titânio já foram identificados. Essa semelhança acendeu a luz de alerta para o potencial inexplorado em território nacional, impulsionando uma investigação detalhada que agora começa a render frutos promissores.

O SGB desenvolveu o projeto “Potencial para Mineralizações de Titânio em Regolitos no Grupo Serra Geral” e adotou uma abordagem multifacetada para mapear a incidência do mineral na região. Inicialmente, um mapa de favorabilidade foi elaborado, integrando dados geofísicos – como gravimetria e aeromagnetometria, que ajudam a identificar estruturas subterrâneas e anomalias magnéticas – e informações geoquímicas. Esse mapeamento preliminar apontou para quatro áreas de alto potencial, das quais duas foram selecionadas para um estudo mais aprofundado: o Oeste Paranaense (denominado Alvo 1) e o Sudoeste Paranaense (Alvo 2). Com os alvos definidos, a equipe do SGB partiu para o trabalho de campo, coletando centenas de amostras de solo, saprólito (rocha parcialmente alterada) e rocha em profundidades que variaram de 20 centímetros a 1,7 metro. A amostragem foi estrategicamente distribuída em malhas irregulares, cobrindo extensas áreas dos alvos 1 e 2. O material coletado foi então submetido a um rigoroso processo de análise laboratorial, utilizando técnicas avançadas como a petrografia, a difração de raios X (DRX) e o método de Rietveld para caracterização mineralógica, e a fluorescência de raios X (XRF) para a análise geoquímica dos elementos presentes. Esses métodos permitiram não apenas identificar a presença de titânio, mas também compreender a forma como ele se concentra nos solos e rochas da região.

Os resultados mostraram que a maior parte dos solos estudados (cerca de 90%) foi classificada como latossolo, um tipo de solo fértil e profundo, originado da alteração de rochas vulcânicas ricas em ferro. Nesses solos, o SGB identificou minerais de titânio como ilmenita, rutilo e anatásio, sendo a ilmenita o mais abundante em algumas das áreas de maior concentração. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o enriquecimento supergênico de titânio, ou seja, a concentração do mineral nos solos e saprólitos devido a processos de intemperismo e lixiviação de outros elementos. Os teores máximos de dióxido de titânio (TiO₂) nas amostras de solo atingiram impressionantes 9,39%, valores que se equiparam aos encontrados em minas de titânio ao redor do mundo. O estudo conseguiu delimitar com precisão as áreas de maior potencial. No Alvo 2, localizado na porção leste/nordeste do Paraná, próximo à cidade de Pato Branco, foram registradas as maiores concentrações de titânio. Uma amostra em particular, coletada em uma área de baixa declividade no entorno do Astroblema de Vista Alegre (uma cratera de impacto de meteorito), apresentou o teor recorde de 9,39% de TiO₂. A predominância de ilmenita nessa amostra reforça a similaridade com o depósito paraguaio que inspirou a pesquisa. Já no Alvo 1, situado na região centro-sudoeste, perto de Medianeira e Itaipulândia, os teores mais elevados variaram entre 7,9% e 8,1% de TiO₂. Nesses locais, a concentração de titânio parece estar ligada a depressões topográficas e proximidade de drenagens, indicando que o transporte e o acúmulo de material erodido desempenham um papel crucial na formação desses depósitos.

A identificação de depósitos de titânio em regolitos, com teores comparáveis aos de minas globais, abre novas perspectivas para a exploração e produção desse mineral estratégico no país. A pesquisa não apenas confirma o potencial da região da Serra Geral, mas também aponta para a necessidade de aprofundar os estudos sobre a forma de ocorrência do titânio nos solos e aprimorar as técnicas de prospecção. O entendimento dos processos geomorfológicos e de intemperismo que levam à concentração do titânio é fundamental para otimizar futuras campanhas exploratórias. Com os resultados, o Brasil pode reduzir sua dependência da importação de dióxido de titânio e fortalecer sua posição no mercado global de minerais. Com o avanço das pesquisas e o investimento em tecnologias de extração, o titânio escondido nos solos do Paraná pode se tornar um novo motor para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, impulsionando indústrias e gerando empregos. Este informe é um passo crucial nessa jornada, fornecendo a base científica necessária para transformar o potencial em realidade e consolidar o Brasil como um player importante no cenário mundial do titânio.

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