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A indústria agrícola sozinha foi responsável por 6,4% do último Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com mais de R$ 540 bilhões. Os primeiros tratores e colheitadeiras foram introduzidos nos campos entre 1959 e 1966 e a mecanização fez com que o setor se tornasse um dos mais importantes para a economia. Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas (Simers) destaca que, sem a tecnologia desenvolvida por essa indústria, o agronegócio brasileiro jamais teria alcançado o destaque mundial de hoje.
“Há 10 anos, uma colheitadeira colhia mil sacos de grãos por dia. Hoje uma colheitadeira colhe seis mil sacos. Plantio levava 45 dias, hoje, estamos fazendo em 15 dias, com muito mais precisão. O que é que traz isso? Onde se fazia uma safra está se fazendo duas, e onde se faziam duas estão sendo feitas três. Então, esse avanço da tecnologia das máquinas agrícolas proporcionou tudo isso. Sem isso aí, nós não teríamos a quantidade de grãos plantados e colhidos que temos hoje”, lembra Bier.
A evolução da indústria do setor mostra o quanto a tecnologia cresceu junto com o mercado. Segundo a série histórica do Cepea, em 1996, a indústria do agronegócio foi responsável por R$ 103 bilhões, e rompeu a barreira dos R$ 200 bilhões na década de 2000. Nos últimos três anos, tem uma média de quase R$ 500 bilhões de reais.
Pedro Estevão, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), explica que o crescimento do Brasil como player do agronegócio se deve justamente à organização e constante atualização de tecnologias e maquinários agrícolas. Justamente por isso, quando a demanda mundial por alimentos aumentou na pandemia, o Brasil estava preparado.
“Nós somos altamente competitivos no mercado internacional e o agronegócio não parou. Tanto é que a venda de máquinas agrícolas lá em 2020, no auge da pandemia, aumentou 17%. Para a indústria isso é muito. Em 2021 foi um ano excepcional, foi um ano em que a gente vê poucas vezes na vida, pois aumentou 42% a venda de máquinas. Esse ano já estamos com 9% acumulado de venda de máquinas”, destaca Estevão.
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E o crescimento da demanda pelo maquinário agrícola impulsionou também o mercado de trabalho nessa área. “Para se ter uma ideia, nesse período pós-pandemia nós aumentamos quase 30% a mão de obra direta na indústria. Ou seja, o campo precisou de máquina e a indústria respondeu. Basicamente tivemos um aumento de área plantada nesses dois anos de pandemia para fornecer alimento para o mundo”, destaca.
Cláudio Bier, presidente da Simers, explica que a produção não para porque os agricultores precisam acompanhar as novidades do mercado para continuarem competitivos. “Em 1980 a renovação do parque de máquinas era de aproximadamente 16 anos, hoje, com a evolução dos modelos, o agricultor troca suas máquinas a cada dez anos para buscar novas tecnologias”, afirma.
O crescimento também se traduz nas montadoras. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre 1960 e 2020 foram vendidos no Brasil 2,81 milhões de tratores – segundo o último censo do IBGE (2017), entre tratores, semeadeiras e colheitadeiras, a frota atual é superior a 2 milhões de máquinas.
O faturamento anual dessa indústria rompeu a barreira de US$ 1 bilhão em 1975 e, de lá para cá, só tem evoluído. Os melhores anos foram entre 2011 e 2013, quando o faturamento por ano foi superior a US$ 11 bilhões. Além disso, o setor emprega atualmente aproximadamente 18 mil pessoas. Segundo balanço da Anfavea, apenas de 2011 a 2022, 6,8 milhões de unidades de tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras foram produzidas no mercado nacional.
O mercado de máquinas agrícolas no Brasil é segmentado, basicamente, por tratores, arados, máquinas de plantio, colheitadeiras e irrigação. A mecanização agrícola se iniciou no país com a instalação da indústria de tratores no ano de 1959, quando foi instituído o Plano Nacional da Indústria de Tratores de Rodas. Já as colheitadeiras começaram a ser implantadas a partir de 1966.
A organização e o intenso processo de modernização das cadeias produtivas do agronegócio, incluindo as novas tecnologias e máquinas agrícolas, fizeram com que o setor ganhasse ainda mais relevância em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 8,36% em 2021.
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