LOC.: Por meio do Programa Cuida Mais Brasil, os serviços de saúde de APS no Tocantins tem disponibilizado R$ 3,4 milhões pelo Ministério da Saúde em 2022. Os recursos do governo federal têm o objetivo de fortalecer o atendimento materno-infantil no SUS, com inclusão de médicos pediatras e ginecologistas na Atenção Primária. O incentivo financeiro será feito em sete parcelas por meio das oito Regiões de Saúde do estado: Amor Perfeito, Bico do Papagaio, Cantão, Capim Dourado, Cerrado Tocantins Araguaia, Ilha do Bananal, Médio Norte Araguaia e Sudeste.
A iniciativa do Ministério da Saúde pretende ampliar e fortalecer a assistência prestada à mulher desde a gravidez até o acompanhamento de crianças recém-nascidas e o cuidado com a infância. Para chegar a esse objetivo, a diretora do Departamento de Saúde da Família (DESF), Renata Maria de Oliveira Costa, aponta como desafios redistribuir o quadro de profissionais para locais onde não tem suporte especializado e integrar a atuação de pediatras e ginecologistas-obstetras aos médicos e enfermeiros que já fazem parte das equipes de Saúde da Família.
TEC.:/SONORA: Renata Maria de Oliveira Costa, diretora do Departamento de Saúde da Família (DESF)
“As equipes mínimas de Atenção Primária à Saúde e principalmente de Estratégia de Saúde da Família são compostas por profissional médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. Para que o cuidado em saúde seja integral, exige essa atenção mais especializada. Na Atenção Primária à Saúde, a ideia é que a gente reforce não só quantitativa, mas também qualitativamente. Nos casos mais complexos, onde precisa do especialista, precisamos ter condição de ofertar o trabalho de ginecologistas/obstetras e pediatras para toda a rede.”
LOC.: A taxa de mortalidade infantil no Tocantins é de 14 óbitos por mil nascidos vivos, acima da média nacional de 13,3 por mil nascidos vivos, segundo os dados mais recentes que datam de 2019. Com a chegada de mais médicos a cidades como Alvorada, Babaçulândia, Couto Magalhães, Dianópolis, Fortaleza do Tabocão e Xambioá, a expectativa das autoridades de saúde é que haja redução de mortes consideradas evitáveis. Isso porque o acompanhamento de casos complexos e o diagnóstico precoce diminuem a chance de complicações na gravidez e no parto das mulheres e no primeiro ano de vida das crianças.
Os moradores de áreas mais remotas sofrem com um problema que é comum aos estados do Norte: é preciso deslocar-se do interior para as capitais em busca de atendimento especializado. Em Roraima, não é diferente. Na avaliação da diretora técnica do Hospital Nossa Senhora de Nazareth de Boa Vista (RR), Márcia Monteiro, encurtar essa distância é um dos principais desafios para que os serviços da Atenção Básica cheguem na ponta.
TEC.:/SONORA: Márcia Monteiro, diretora técnica do Hospital Nossa Senhora de Nazareth de Boa Vista (RR)
“No interior, a situação é mais difícil. Não temos ginecologistas e obstetras. Nem os pediatras estão lá, são os clínicos que dão esse apoio. Quando há necessidade de uma intervenção mais especializada, os pacientes são encaminhados para Boa Vista. Acredito que a implantação do Cuida Mais Brasil vai devolver à população uma atenção mais aprimorada, mais atenciosa. Atualmente, ginecologistas, obstetras e pediatras estão lotados nas redes de maior complexidade, que são os hospitais e os centros de referência.”
LOC.: O Ministério da Saúde esclarece que há a necessidade de solicitação de adesão para participar do Cuida Mais Brasil. A definição dos municípios que receberão o incentivo financeiro é feita pelas Comissões Intergestores Bipartite (CIB), colegiado composto por gestores estaduais e municipais. Ao longo de 2022, serão investidos quase R$ 170 milhões para garantir o cuidado adequado e intensificar a assistência materno-infantil dentro do SUS, em todas as regiões do país.
Reportagem, Tácido Rodrigues