LOC.: O Brasil continua sendo o segundo país do mundo com maior número de novos casos de hanseníase, de acordo com o boletim epidemiológico da doença de 2024, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana.
Em 2022, foram registrados em todo o mundo 174.087 casos novos da doença — e mais de 25 mil foram detectados no Brasil.
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria que tem atração pelo sistema neurológico e também pela pele, conforme explica o dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Hanseníase (SBH), Marco Frade.
TEC./SONORA: Marco Frade - presidente da SBH
“Mas ela é uma doença sistêmica, então ela envolve muita resposta imunológica. Inicialmente, na grande maioria dos casos, nós vamos discutir muito sobre os sintomas neurológicos, que é a perda da sensibilidade, porque como ela tem uma atração aos nervinhos da nossa pele, a gente acaba perdendo a sensibilidade ao tato, a dor, ao frio e ao quente”.
LOC.: A transmissão da doença acontece principalmente pelas vias aéreas — secreções nasais, gotículas da fala, tosse e espirro. A chance de um paciente em tratamento transmitir é muito pequena — e a maioria das pessoas que entram em contato com essa bactéria não desenvolve a doença.
Thiago Flores é advogado, pesquisador na área da hanseníase e atua como diretor jurídico voluntário do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase. Filho de pais com a doença que foram internados compulsoriamente na década de 1950, Thiago cresceu convivendo com esse tema — e desde cedo luta pela causa.
O Morhan, que foi fundado em 1981, atua ajudando essas famílias que sofreram no passado e também na busca de direitos de pessoas diagnosticadas com hanseníase.
TEC./SONORA: Thiago Flores - advogado Morhan
“Muitas vezes a gente precisa judicializar algumas questões, temos problemas de falta de medicação, problema de reabilitação é muito comum, falta órtese, prótese, então temos essa atuação em conjunto, não só do movimento, mas com as defensorias públicas e uma parceria grande com o ministério público”.
LOC.: A hanseníase tem cura e o tratamento, à base de antibióticos, pode levar até dois anos. O tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Reportagem, Yumi Kuwano