Crianças do ensino fundamental retomam as aulas em São Paulo. Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil
Crianças do ensino fundamental retomam as aulas em São Paulo. Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil

Volta às aulas: maior parte das escolas brasileiras retomam em fevereiro

A pandemia retirou cerca de 650 mil crianças e adolescentes das escolas. A retomada presencial traz expectativas de melhorias no ensino


Apesar da nova onda de disseminação da Covid-19, a maior parte das escolas brasileiras está retomando as aulas presenciais no início de fevereiro. Goiás e Ceará já começaram em janeiro. Em 19 estados, as aulas serão iniciadas ao longo de fevereiro e, na maior parte dos estados da região norte, em março (veja calendário no gráfico). 

Para a Unicef a retomada das aulas presenciais é esperada e acertada. “É um momento fundamental para a garantia de direito de crianças e adolescentes. Já estamos vivenciando a pandemia há quase dois anos  e a pandemia trouxe impactos profundos para educação que contribuíram para ampliar as desigualdades que já existiam”, pondera a Oficial de Educação da Unicef, Julia Ribeiro. 


Evasão e dificuldade de aprendizado 

Dados do Censo Escolar de 2021 divulgados pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, revelaram que mais de 650 mil crianças das redes pública e privada saíram da escola nos últimos três três anos. A maior parte deles são alunos entre 5 e 10 anos.  

“Houve uma queda expressiva, se a gente olhar de 19 para 21 a queda da rede privada supera 21%. Esse é um movimento que só pode ser explicado pela pandemia. Então, os desafios estão postos”, ponderou o diretor de estatística educacionais do Inep, Carlos Moreno, ao explicar a baixa de matrícula em creches. 

Os dados estatísticos sobre matrículas foram divulgados no último dia 31. Em fevereiro, o Inep começa a segunda parte do Censo Escolar 2021 que vai apurar dados qualitativos sobre o ensino e aprendizagem no Brasil. 

Professora da rede pública de ensino do DF, Amanda Gontijo sentiu na rotina do trabalho a dificuldade dos alunos. Ela leciona em uma escola de Ceilândia, que fica na periferia de Brasília, para estudantes do 5º ano do Fundamental (crianças que, em média, têm 10 e 11 anos). “Ainda tenho estudantes com muita dificuldade na escrita e na leitura. Tive dois estudantes que precisaram repetir o quinto ano porque não conseguiram acompanhar as atividades de forma remota”, diz. 

A pedagoga Érica Toledo trabalha na direção de uma escola pública em Samambaia, também no Distrito Federal, ela diz que, mesmo com estratégias de entrega de material impresso para famílias com dificuldades de acesso à internet, o ensino durante 2020 e 2021 ficou prejudicado. “Era difícil o retorno dessas atividades, muitas famílias não conseguiam ir buscar as atividades devido a devido os horários da escola, não conseguiam buscar devido ao trabalho ou mesmo receio de sair de casa durante a pandemia.”  

Para evitar uma evasão escolar ainda maior, o Unicef  desenvolve em parceria com os municípios a Busca Ativa Escolar. Por meio dessa iniciativa, mais de 80 mil crianças e adolescentes puderam ser reintegrados às rotinas escolares. 

Para um retorno seguro, o Unicef recomenda que os pais vacinem contra a Covid-19 as crianças de 5 a 11 anos. Para o retorno às aulas, alguns estados informaram que irão exigir o passaporte vacinal. 

Ministério da Saúde distribui 2,6 milhões de doses da CoronaVac para vacinação infantil

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LOC.: Apesar da nova onda de disseminação da Covid-19, a maior parte das escolas brasileiras está retomando as aulas presenciais no início de fevereiro. Para a Unicef essa decisão é esperada e acertada. A oficial de educação da instituição, Julia Ribeiro, contemporiza que, apesar de as escolas terem feito estratégias de aprendizado remoto nos últimos dois anos, as aulas e recursos não conseguiram chegar a todos. 
 

TEC./SONORA: Julia Ribeiro, oficial de educação do Unicef

“É um momento fundamental para a garantia de direito de crianças e adolescentes. Já estamos vivenciando a pandemia há quase dois anos  e a pandemia trouxe impactos profundos para educação que contribuíram para ampliar as desigualdades que já existiam,  excluindo aqueles meninos e meninas que já se encontravam numa situação de maior vulnerabilidade.”
 


LOC.: Dados do Censo Escolar de 2021 divulgados pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, revelaram que mais de 650 mil crianças das redes pública e privada saíram da escola nos últimos três três anos. A maior parte deles são alunos entre 5 e 10 anos.  O desafio do ensino remoto foi sentido por Amanda Gontijo, professora de uma escola em Ceilândia, que fica na periferia de Brasília. Ela leciona no quinto ano, para crianças que, em média, têm 10 e 11 anos. 
 

TEC./SONORA: Amanda Gontijo, professora do quinto ano

“Alguns estudantes ainda tinham um pouquinho de dificuldade de escrita na leitura.  Sem o estudo presencial isso acarretou atraso para eles. Então a gente teve os estudantes que precisavam de reforço presencial, precisava de uma atenção presencial dentro da sala que era importante presencial não teve. E eu tive alguns estudantes, inclusive esses dois eles foram até retidos né? Esse ano eles vão fazer o quinto ano de novo porque até agosto eles não participavam das aulas on-line. E a justificativa dos pais era sem internet.”


LOC.: Para evitar uma evasão escolar ainda maior, a Unicef  desenvolve em parceria com os municípios a Busca Ativa Escolar. Por meio dessa iniciativa, mais de 80 mil crianças e adolescentes puderam ser reintegrados às rotinas escolares. Para um retorno seguro, o Unicef recomenda que os pais vacinem contra a Covid-19 as crianças de 5 a 11 anos. 

Reportagem, Angélica Córdova