Foto: Márcio Pinheiro/MIDR
Foto: Márcio Pinheiro/MIDR

MIDR avança no projeto de construção de barreiras para amenizar impactos de desastres

Em Nova Friburgo (RJ), a previsão de início das obras é em janeiro do próximo ano, e o município de Teresópolis (RJ) também será contemplado

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A construção de uma barreira para minimizar os danos de um possível desastre no município de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, deverá começar em janeiro do próximo ano. A obra integra o Projeto Sabo, que busca a formação de cidades mais resilientes. Teresópolis, na Região Serrana do estado, também será contemplada. Para tratar do assunto, o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, presidiu, nesta quarta-feira (10), a reunião do 4º Comitê de Coordenação Conjunta sobre o tema no Palácio do Itamaraty. O Projeto Sabo é uma iniciativa de cooperação técnica entre Brasil e Japão para aumentar a capacidade brasileira em medidas estruturais, como a construção de barreiras de retenção de detritos, visando a proteção de áreas urbanas contra desastres, como deslizamentos de terra.

O projeto, que prevê a construção de barreiras nos dois municípios, foi iniciado em julho de 2021. “Essa é uma reunião técnica anual de avaliação, monitoramento e acompanhamento do Projeto Sabo. Fizemos uma avaliação do que foi feito no ano passado, o quanto avançamos e o que falta para o início das obras, a partir de um cronograma”, explicou o secretário Wolnei, ressaltando que os projetos de engenharia para as duas cidades estão prontos. A quinta reunião do comitê será a última.

O secretário também reforçou o principal objetivo do projeto: salvar vidas, proteger o patrimônio e diminuir o poder destrutivo dos eventos adversos. “As mudanças climáticas sinalizam que os desastres continuarão ocorrendo e serão cada vez mais frequentes e intensos. Em 2011, na Região Serrana do Rio de Janeiro, morreram quase mil pessoas e centenas seguem desaparecidas, foi uma catástrofe. Isso ocorreu devido ao fluxo de detritos, situação observada após a ocorrência de chuvas intensas, quando descem do morro detritos, sedimentos, blocos, tudo o que a água consegue arrastar, devastando a região. O Japão é um país que tem muita experiência com esse fenômeno, por isso fomos buscar essa parceria e, consequentemente, conhecimento e tecnologia”, acrescentou Wolnei.

O desastre mencionado pelo secretário ocorreu em Nova Friburgo, em janeiro de 2011. O município receberá uma barreira do tipo impermeável próximo ao Hospital São Lucas, no bairro Duas Pedras, com previsão de 22 meses de duração. “Estamos dando um passo muito importante para garantir a segurança e a proteção das pessoas que moram naquela região. Mais do que isso, aquele hospital tem um convênio e faz cirurgias cardíacas, portanto, atende pacientes de toda a cidade e até do estado. Esse projeto vai garantir o que existe de mais valioso, as vidas das famílias de Nova Friburgo. Estamos muito gratos por essa parceria com a Defesa Civil Nacional e o governo japonês”, afirmou o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon. 

Também participaram da reunião representantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), e do Ministério das Cidades. Na ocasião, o embaixador José Solla destacou a parceria do Brasil com o governo japonês. “A parceria entre o Brasil e o Japão é histórica, de décadas, sendo uma das mais sólidas que o Brasil tem. Nós enxergamos isso não apenas como uma oportunidade em nível federal, mas, sim, para alcançar os estados e municípios. Temos trabalhado muito para que o nosso País tenha mais resiliência a desastres", afirmou. 

Barreiras permeável e impermeável

Na reunião, o conselheiro-chefe do Projeto Sabo, Takasue Hayashi, explicou a diferença entre as barreiras permeáveis e impermeáveis. "A barreira sabo é uma estrutura que retém um movimento de massa chamado fluxo de detritos. Basicamente, devemos construir uma estrutura de concreto resistente que sustente toda a força que o fluxo de detritos carrega. No Japão, a tecnologia mais recente inclui barreiras com estruturas metálicas embutidas, essas são as permeáveis. A barreira impermeável consegue reter tanto o material mais fino, areia, por exemplo, como material grande. Já a permeável retém um material mais grosseiro, como grandes blocos e fragmentos rochosos. Ela também permite o fluxo natural do escoamento do leito dos rios, o que reduz o impacto ambiental. Diante disso, é sempre necessário fazer um estudo para definir qual barreira é mais indicada para cada região", concluiu Hayashi. 

O ministro conselheiro da Embaixada do Japão, Hirotake Hayashi, completou que os dois países têm muito em comum. "Ao ver as imagens dos desastres nos estados do Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, percebi que o Brasil e o Japão enfrentam desastres frequentes. Meu desejo é que esse projeto ajude a população brasileira. Já tivemos muitos avanços e teremos bons resultados", finalizou.

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