LOC.: O Projeto de Lei que resguarda as exportações brasileiras de barreiras comerciais abusivas aguarda sanção do presidente da República. A proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (2). A matéria permite que o governo adote contramedidas sobre países que criarem medidas de restrição às exportações brasileiras.
Entre outros pontos, o projeto cria instrumentos para o Brasil se proteger de tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos. Na quarta-feira (2), o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas para 59 nações. Em relação ao Brasil, a cobrança adicional foi de 10%. Outras tarifas para itens específicos já tinham sido anunciadas, como, por exemplo, 25% para aço e alumínio, assim como para automóveis.
O projeto foi apresentado em 2023 com o intuito de autorizar o uso do princípio da reciprocidade quanto a restrições ambientais que a União Europeia tenta aprovar para produtos do agronegócio brasileiro.
Porém, durante os debates sobre o tema, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), relatora do projeto no Senado Federal, entendeu que a proposta deveria ser mais abrangente, incluindo aspectos sociais e trabalhistas.
Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), o Brasil precisa estar preparado para reagir a retaliações de concorrentes. Para ele, a aprovação da medida significa uma conquista para o setor.
Apesar de o Brasil não ter ficado entre os países que receberam tarifas mais elevadas dos Estados Unidos, ainda assim o país deverá sentir os impactos das medidas no setor agro, com alguns segmentos mais afetados que outros.
O café é um dos principais. Dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, os Estados Unidos foram o destino de mais de 16% do volume embarcado do produto em 2024. As remessas aumentaram 34% em relação a 2023.
As carnes também entram nesse grupo. O sistema Agrostat revela que, no agregado, houve embarques de 248 mil toneladas, ou 2,63% do volume exportado para os Estados Unidos.
Outro produto que preocupa o setor é o etanol. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria Exterior, no ano passado, o Brasil destinou mais de 313 mil metros cúbicos do produto para os Estados Unidos. O volume resultou em mais de US$ 180 milhões em vendas.
Reportagem, Marquezan Araújo