Estados Unidos

06/11/2024 20:00h

Especialistas avaliam como a vitória do republicano pode impactar o comércio entre os dois países. Agronegócios e meio ambiente podem sentir o impacto

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A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas repercute em todo o mundo e levanta questões sobre o futuro das relações bilaterais entre os Estados Unidos e o Brasil sob a presidência de Lula.

Entre as principais incertezas, estão as relações econômicas entre os dois países. A maior parceria comercial da América hoje se dá justamente entre Brasil e EUA. Mas, historicamente, há um pragmatismo nessa relação — mesmo envolvendo governos de esquerda e de direita — explica o cientista político Eduardo Grin.

Com um mercado agrícola mais competitivo que o americano, o Brasil sofreu dificuldades no primeiro mandato de Trump, relembra o cientista político. Tudo por conta do protecionismo. 

“Ele colocou barreiras comerciais que envolviam o algodão, o açúcar brasileiro e a soja, o que talvez seja um medida que a gente veja de novo. Já que todo discurso econômico de Trump tem sido de aumentar as barreiras comerciais para proteger a economia americana como um todo”, prevê Grin. 

Como fica a economia brasileira? 

Em todo viés que se fale de Trump, a palavra que surge é protecionismo. Na campanha política, o republicano já vinha falando em aumentar as barreiras comerciais contra a China, o que pode ter impacto no Brasil, como avalia o economista César Bergo. 

“Na redução em relação à China, com relação às compras americanas e também à taxação dos produtos chineses, isso vai repercutir negativamente na China e deve fazer com o que o país asiático aumente suas relações comerciais com outros países, inclusive com o Brasil. Já que a pauta comercial entre Brasil e China é muito vantajosa para nós.” 

Esse protecionismo anunciado já vem refletindo na moeda americana, que vem ganhando ainda mais força mundialmente. Segundo Bergo, a manutenção ou ampliação das políticas de corte de impostos e estímulo ao crescimento doméstico adotadas por Trump devem aumentar os fluxos de capital para os Estados Unidos, beneficiando o dólar. 

A alta taxa de juros nos EUA — usada como estratégia para controlar a inflação e atrair investimentos estrangeiros — também tende a valorizar o dólar, pois investidores buscam rendimentos mais altos em ativos denominados em dólares.

Meio ambiente

O meio ambiente deve ser uma das pautas de maior descompasso entre os governos brasileiro e americano. A postura do governo Trump em relação às questões ambientais, incluindo a flexibilização de acordos internacionais de proteção ambiental, pode ter impacto nas críticas que o Brasil recebe pela forma como lida com a Amazônia. 

“Basicamente, Trump já colocou que deve incentivar a questão dos combustíveis fósseis, deve ter um embate forte com as questões ambientais por nunca ter sido favorável às questões do clima, como o protocolo de Kyoto. Tudo isso deve ter um peso importante na relação entre os dois países”, avalia Cesar Bergo.

Embora a administração Bolsonaro tenha buscado estreitar laços com Trump, as críticas internacionais ao desmatamento na Amazônia, por exemplo, podem criar tensões diplomáticas, mesmo em um governo alinhado ideologicamente com o presidente norte-americano.

Agro

Se Trump repetir o que fez no primeiro mandato e também cumprir as promessas de campanha, um dos maiores impactos que o Brasil vai sentir será no agro, avalia o economista César Bergo.

“O que vai acontecer é que o Trump deve conceder bastante incentivos para os produtores americanos, o que vai tornar a economia americana mais eficiente do ponto de vista de vendas no exterior; então a concorrência vai aumentar. Isso pode prejudicar o Brasil no médio e longo prazo.” 

Mas, acredita Bergo, com a economia americana fortalecida o Brasil tende a ganhar de alguma maneira. 

Presidente Lula 

Por meio de uma rede social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou o republicano pela vitória. 

"Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo", afirmou Lula.

A publicação veio poucas horas após a decretação da vitória de Trump. Uma postagem sucinta e diplomática, diante do apoio declarado de Lula na semana passada à democracia Kamala Harris.
 

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Economia
15/06/2023 17:55h

Taxas de juros são mantidas na faixa de 5% a 5,25%

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O Banco Central estadunidense (FED) manteve taxas de juros básicas da economia inalteradas, na faixa de 5% a 5,25%. 

A escalada interrompida dos juros pode favorecer a bolsa de valores brasileira, que também conta com a recuperação interna da economia do país. Atualmente, o Ibovespa irrompe 119 mil pontos motivado pela recuperação interna da economia e pela expectativa de menores juros nos Estados Unidos. 

Movimentos internacionais de capitais favorecem a economia de países. 

Acontecimentos das políticas monetária e fiscal na principal economia do mundo tem capacidade de alavancar ou atrapalhar a economia brasileira. 

Nesta semana, o anúncio do Banco Central americano favorece a economia brasileira, já que juros menores tornam os títulos da dívida americana menos atrativos para investir e consequentemente o mercado pode se voltar para a realidade brasileira. 

Porém, o declínio da taxa de juros pode não se sustentar em longo prazo, em vista de possíveis crescimento de preços na economia. Isto torna o cenário de longo prazo incerto para as economias brasileira e americana. 
 

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23/12/2022 04:15h

De janeiro a novembro deste ano, o país exportou US$ 33,8 bilhões e importou US$ 47,5 bi do seu segundo maior parceiro comercial

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O comércio entre Brasil e Estados Unidos superou a marca de US$ 80 bilhões no acumulado de janeiro a novembro deste ano, uma marca recorde para a relação entre os dois países, de acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil). O dado soma o total de exportações e importações entre as nações, que totaliza US$ 81,30 bilhões, uma alta de 28,6% em relação ao mesmo período de 2021, segundo levantamento do Ministério da Economia.

Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial que mais movimenta a economia brasileira. Somente a China, com quem o Brasil já trocou, em 2022, quase US$ 140 bilhões, está à frente dos norte-americanos.

Para Abrão Neto, vice-presidente executivo da Amcham Brasil, a expectativa é superar a marca dos US$ 90 bilhões.

“Os Estados Unidos são um parceiro econômico crucial do Brasil. Neste ano de 2022, o desempenho da relação comercial tem sido extraordinária, e esse desempenho vem com o crescimento das exportações brasileiras para os Estados Unidos e também com o crescimento das exportações americanas para o Brasil em quase todos os principais setores das trocas comerciais, desde produtos manufaturados e insumos agrícolas, e produtos energéticos. Então isso mostra que existe um dinamismo muito forte nas relações empresariais e na realização de negócios entre Brasil e Estados Unidos”, diz o executivo.

Nos dados consolidados para os onze meses do corrente ano, as exportações para os Estados Unidos cresceram 20,7% e atingiram US$ 33,83 bilhões. As importações desse país também apresentaram alta de 34,9% e totalizaram US$ 47,46 bilhões. Sendo assim, a balança comercial com os EUA apresentou déficit de US$ -13,63 bilhões para o Brasil.

No fim de novembro, a subsecretária de Comércio dos Estados Unidos, Marisa Lago, esteve no Brasil e participou de encontro com empresários de diversos setores da produção nacional. Na ocasião, foram discutidos temas como as oportunidades de cooperação bilateral em cadeias de fornecimento, meio ambiente e facilitação de comércio, além de medidas de curto e médio prazos para fomentar a relação bilateral.

Membro da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, o deputado gal. Roberto Peternelli (União-SP), elogiou o encontro. “Eu vejo de uma maneira muito positiva todo estímulo que ocorre entre o Brasil e os Estados Unidos no intuito de aumentar a relação comercial e também o intercâmbio tecnológico, o intercâmbio cultural, o intercâmbio de doutorado e pós-doutorado. Isso é fundamental, e a vinda, nesse aspecto de comércio, representa a importância que o próprio Estados Unidos dá ao Brasil”, frisou o parlamentar.

OCDE

Essa relação entre Brasil e Estados Unidos pode ser ainda mais rentável para ambos os países. A entrada brasileira na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é vista como um passo nessa direção, bem como com outros parceiros comerciais importantes, como as nações que compõem a União Européia.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defende a participação do país no bloco o quanto antes. “Nós somos favoráveis à entrada do Brasil na OCDE o mais rápido possível. E a entrada na OCDE, a nós brasileiros, garante uma pressão para que a gente faça o dever de casa de nos adequarmos aos indicadores da OCDE, que são indicadores voltados para crescimento, desenvolvimento, emprego, saúde. Então a entrada na OCDE, na realidade, obriga o Brasil a, se nós tivermos uma meta no Brasil, que eu defendo, de colocar um crescimento mínimo de 4%, todos vão trabalhar em função dessa proposta”, afirma.

Segundo o deputado Peternelli, mesmo ainda não tendo sido admitido na organização, o Brasil já se porta como um de seus membros. “O Brasil, em termos de OCDE, ele já executa uma série de atividades que são preconizadas pela OCDE. E essa execução dessas atividades no nível da OCDE é que qualifica o Brasil para integrá-la. Em termos de indústria o Brasil está muito bem, em termos de economia de mercado o Brasil tem se colocado muito bem, em termos de tratamento e de relações humanas o Brasil tem se colocado de uma maneira como a OCDE julga adequada. É lógico que nós temos sempre coisas a melhorar, mas o Brasil já está bem nisso e um dos aspectos que a OCDE coloca, que é o ambiental, o Brasil já está, em muitos aspectos, à frente da própria OCDE”, garante o congressista.

Segundo o governo federal brasileiro, o processo de entrada na organização foi formalizado no fim de setembro. A União enviou o memorando inicial brasileiro como parte do processo de entrada na OCDE, que agora avalia o pedido. Para ingressar na OCDE, é necessário que o postulante faça a adesão a 230 instrumentos normativos. Segundo o governo, o memorando mostra que o Brasil já cumpriu 108, solicitou adesão a 45 e ainda não iniciou a incorporação de outros 77. Entretanto, o processo de entrada ainda pode demorar anos para ser concluído.

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Economia
07/11/2022 04:00h

Os dois países intensificaram trocas em 2022 e garantiram segurança para as empresas locais em meio às instabilidades das cadeias de produção internacionais, explica Fabrizio Panzini

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A guerra entre Rússia e Ucrânia contribuiu para o recorde histórico de comércio entre Brasil e Estados Unidos nos nove primeiros meses de 2022. Segundo o superintendente de Relações Governamentais da Amcham Brasil,  Fabrizio Panzini,o conflito no Leste Europeu fortaleceu a relação do Brasil com o seu segundo maior parceiro comercial, o que culminou em  aumento de 36% nas trocas entre os dois países. 

Até setembro, o comércio entre Brasil e Estados Unidos movimentou US$ 67,3 bilhões. As importações somaram US$ 39,4 bilhões, cerca de 44,1% a mais do que no ano passado. Já as exportações cresceram 26% e totalizaram US$ 27,9 bilhões no período. 

Ao Brasil 61, Panzini explica o que está por trás do crescimento significativo do comércio bilateral e como as empresas brasileiras e norte-americanas se tornaram mais seguras diante das instabilidades das cadeias de produção internacionais. Confira a entrevista abaixo. 

Brasil 61: O que explica esse recorde de comércio de bens entre Brasil e EUA nos nove primeiros meses deste ano?

Fabrizio Panzini: Esse recorde de comércio de bens entre Brasil e Estados Unidos se explica por duas razões principais. A primeira delas é o aumento do preço de alguns bens transacionados, sobretudo em energia, por exemplo, petróleo, gás natural, entre outros, e se explica também pelo aumento das compras do Brasil, sobretudo de produtos que vêm dos Estados Unidos. O aumento da demanda no Brasil por produtos que o Brasil comprava de outras origens. Não só petróleo, mas fertilizantes, entre outros bens que os Estados Unidos passou a ser mais fornecedor do Brasil. Claro que as importações também cresceram do Brasil, mas em uma velocidade um pouco menor do que as importações brasileiras dos Estados Unidos. 

Brasil 61: A guerra no Leste Europeu fez com que o fluxo de algum item importante no comércio entre os dois países aumentasse?

Fabrizio Panzini: Sim. O conflito armado que está ocorrendo no Leste Europeu definitivamente teve bastante influência no resultado desses nove meses de comércio entre Brasil e Estados Unidos. E por dois motivos: um porque o Brasil passou a comprar mais dos Estados Unidos produtos que comprava, por exemplo, da Rússia. Fertilizantes, por exemplo. E os Estados Unidos passaram a comprar mais produtos do Brasil que antes eram comprados de outras origens e o principal deles, não único, é o petróleo, mas tem outros bens que por influência da guerra aumentaram de preço. O próprio café, que a gente vende muito para os Estados Unidos aumentou de preço, o próprio petróleo bruto aumentou de preço. A guerra teve uma influência muito importante e isso tem ajudado os países a serem fontes mais seguras no momento turbulento internacional. 

Brasil 61: As importações cresceram 44%, segundo a Amcham. Que bens o Brasil tem comprado mais dos EUA?

Fabrizio Panzini: As importações, de fato, foram um grande destaque de crescimento. No último ano já havia sido, mas nesse ano houve um aumento muito expressivo de importações. O primeiro que teve maior aumento foi o óleo bruto de petróleo, com quase 200% de aumento. Depois, a gente teve adubos e fertilizantes, com 160% de aumento. Tivemos também carvão, com 157% de aumento e elementos químicos inorgânicos, com 109% de aumento. Esses elementos químicos inorgânicos, provavelmente, insumos para fabricação de outros bens, alguns relacionados à agricultura, outros não necessariamente.

Brasil 61: Como o comércio entre os dois países contribuiu para a segurança de ambos no cenário internacional? 

Fabrizio Panzini: O comércio entre os dois países tem contribuído com a segurança. Esse é um termo que a gente tem usado porque as cadeias globais de valor estão passando por disrupções, por quebras. Isso quer dizer que fornecedores que antes conseguiam fornecer ou estão fornecendo a um preço maior ou com prazos mais dilatados e as empresas perdem a segurança, perdem a previsibilidade em receber esses produtos. Portanto, no momento em que o Brasil acaba comprando menos de outros lugares que se tornaram parceiros menos previsíveis e que os Estados Unidos também têm parceiros menos previsíveis, os dois países aumentaram o comércio entre si em produtos que garantem segurança. No caso, segurança energética, porque aumentou muito as importações e exportações de bens relacionados à energia e segurança alimentar também. O Brasil comprando mais adubos e fertilizantes, mais inseticidas, fungicidas, herbicidas, está contribuindo para a segurança alimentar do Brasil e do mundo todo.

Comércio entre Brasil e EUA bate recorde nos nove primeiros meses do ano

Acordo de Comércio e Cooperação do Brasil com EUA deve aumentar fluxo de mercadorias e evitar mudanças regulatórias inesperadas entre os dois países

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Economia
04/11/2022 04:15h

Congresso Nacional aprovou o compromisso no ano passado. Parceria busca facilitar o comércio, simplificar regulação e combater a corrupção na relação bilateral

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Um decreto do governo federal regulamentou o Acordo de Comércio e Cooperação Econômica entre Brasil e Estados Unidos. O compromisso entre os dois países foi firmado em outubro de 2020 e aprovado pelo Congresso Nacional no fim do ano passado. 

O acordo entre brasileiros e norte-americanos tem três pilares: facilitar o comércio, simplificar a regulação e combater a corrupção na relação bilateral. A ideia é que as medidas aumentem o fluxo de mercadorias do Brasil com o seu segundo maior parceiro comercial.   

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Juliano Cortinhas, o acordo bilateral é positivo para o Brasil, principalmente por eliminar burocracias que atrapalham o negócio entre as empresas dos dois países. 

“Eu vejo que tem um potencial, claro, para fortalecer e  aumentar os nossos laços de comércio com eles. Acho uma medida importante de desburocratização. O nosso Estado como um todo é bastante burocratizado, mais do que o Estado americano”, avalia. 

Apesar disso, o especialista ressalta que o acordo, por si só, não deve trazer um aumento significativo de comércio entre os dois países. “Não vejo que tenha capacidade de trazer um boom para esse comércio. É uma medida benéfica, que vai nos trazer maior facilidade no trâmite bilateral, mas não é ela em si que vai melhorar os nossos índices de comércio”, pondera.  

O caminho para isso, aponta Juliano, passa pelo fortalecimento da indústria, que vem perdendo espaço no PIB nas últimas décadas. “Eu acho que o objetivo do Brasil em termos de comércio exterior deva ser aumentar a nossa capacidade exportadora de produtos com valor agregado, ou seja, a gente precisa acelerar o nosso processo de industrialização, que ficou extremamente comprometido nos últimos anos para que a gente consiga, por meio do comércio exterior,  desenvolver as nossas tecnologias próprias, a nossa economia e, com isso, reduzir a desigualdade social”, indica.

Pilares

Facilitar o comércio entre os dois países por meio da redução de burocracias administrativas é um dos objetivos da parceria, o que tende a simplificar e agilizar as exportações e importações. Entre as medidas estão a criação de centros de informações para responder às consultas de pessoas interessadas nos procedimentos de importação, exportação e trânsito de mercadorias; adoção de procedimentos para o pagamento eletrônico de tributos, impostos, taxas ou encargos cobrados sobre transações de importação ou exportação; instituição de tratamento diferenciado para os bens agrícolas e outros vulneráveis à deterioração. 

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), regras de facilitação do comércio têm a capacidade de reduzir em até 13% o custo para os exportadores. O acordo deve impulsionar a relação comercial entre as duas nações, que cresceu significativamente em 2022. 

As trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos cresceram 36% nos nove primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. A parceria movimentou US$ 67,3 bilhões. Segundo a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), o comércio bilateral vai bater recorde em 2022. 

As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 27,9 bilhões até setembro, alta de 26% em relação a 2020. Já as importações vindas dos norte-americanos alcançaram US$ 39,4 bilhões nos nove primeiros meses de 2022, o que representa um crescimento de 33,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. 

O professor de Relações Internacionais do Ibmec Brasília, José Oswaldo Cãndido, destaca a importância do acordo. “Esse acordo tenta colocar procedimentos, inclusive tecnológicos, para reduzir o custo das exportações e das importações dos dois países e, com isso, poderá melhorar, simplificar e dar mais agilidade, facilitando as trocas comerciais.”

O trato entre brasileiros e norte-americanos também visa à implementação de boas práticas regulatórias, além de impedir regulação abusiva de produtos pelos órgãos competentes, a fim de dar mais transparência, previsibilidade e concorrência. Dessa forma, as agências reguladoras de cada país não podem mudar regras sobre produtos sem que os exportadores do outro país possam se posicionar de modo prévio. Segundo a Amcham Brasil, a adoção dessas práticas pode reduzir em até 20% o custo das exportações do Brasil para os Estados Unidos. 

Potencializar o combate à corrupção nas relações comerciais entre os dois países constitui uma das bases do acordo. Além de prever a criminalização para pessoas físicas, o instrumento incluiu empresas e ampliou para civil e administrativa as esferas de responsabilização para os agentes que praticam irregularidades. 

Comércio entre Brasil e EUA bate recorde nos nove primeiros meses do ano

Acordo de Comércio e Cooperação do Brasil com EUA deve aumentar fluxo de mercadorias e evitar mudanças regulatórias inesperadas entre os dois países

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Economia
21/10/2022 04:00h

Trocas entre os dois países somaram US$ 67,3 bi até setembro. Segundo Amcham Brasil, 2022 deverá registrar recorde de comércio bilateral

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O comércio entre Brasil e Estados Unidos cresceu 36% nos nove primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado e alcançou a marca de US$ 67,3 bilhões A troca de bens entre os dois países este ano bateu recorde histórico, de acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil). 

Segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA, a corrente de comércio entre os dois países deve ultrapassar os US$ 80 bilhões em 2022, o que seria uma marca inédita. Abrão Neto, vice-presidente Executivo da Amcham Brasil, avalia o comércio crescente entre brasileiros e norte-americanos. 

"Na avaliação da Amcham, o ano de 2022 registrará recorde no comércio bilateral, com valores inéditos de importações e exportações. Essa projeção se ancora no aumento da demanda e na elevação dos preços internacionais de itens importantes da pauta bilateral. Em um cenário externo mais turbulento, Brasil e Estados Unidos têm garantido segurança no fornecimento de energia e de insumos estratégicos", afirmou. 

Para Juliano da Silva Cortinhas, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o aumento do fluxo comercial entre os dois países pode ser explicado por vários fatores. “Em grande medida, o que está por trás desse aumento é que a gente está com uma moeda desvalorizada, a gente passou por um processo de desindustrialização, o que não é bom, mas que posicionou a nossa economia para uma economia de commodities e, aí sim, com a guerra da Ucrânia e da Rússia, esse boom de commodities aumentou o valor da nossa pauta exportadora”, ressalta. 

Segundo o especialista, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, também contribuiu para que o Brasil exportasse mais para os norte-americanos. “EUA e China estão passando por um processo de afastamento. Isso abre espaço para outros países aumentarem seus níveis de comércio com os Estados Unidos. Nesse sentido, a gente aproveitou esses reequilíbrios do mercado internacional de produtos”, analisa. 

Balança comercial

De acordo com a Amcham, as importações do Brasil vindas dos EUA cresceram de modo mais acelerado do que as exportações Em valores absolutos, o Brasil importou cerca de US$ 39,4 bilhões dos norte-americanos, marca recorde e 44,1% maior do que no ano passado. 

Cerca de 73% do aumento no valor das importações se deve a quatro produtos de energia: óleos combustíveis, gás natural, petróleo bruto e carvão mineral. Também houve crescimento expressivo de produtos ligados ao agronegócio como fertilizantes, inseticidas, fungicidas e herbicidas. 

Já a venda de produtos brasileiros aos EUA aumentou 26%, chegando aos US$ 27,9 bilhões, valor recorde no acumulado em nove meses. O levantamento aponta que, embora o ritmo de crescimento das exportações seja menor que o das importações, ele ocorre de forma mais disseminada, com destaque para o petróleo bruto, ferro gusa, café, madeira e equipamentos de engenharia. 

Ainda segundo a Câmara Americana de Comércio, as trocas comerciais entre Brasil e EUA têm ajudado esses países a fortalecerem a sua segurança em meio a um cenário internacional de incertezas e de choques de cadeias de produção. A publicação destaca que o comércio bilateral de produtos do setor de energia, insumos e bens essenciais para a produção de alimentos vêm crescendo. 

“Manter o equilíbrio fiscal é a prioridade número um do país”, afirma economista José Márcio Camargo

Setor de serviços cresce pelo quarto mês seguido e opera acima do nível pré-pandemia

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05/08/2022 04:30h

Troca de bens entre o Brasil e os Estados Unidos alcançou a soma recorde no primeiro semestre deste ano, um aumento superior a 43% em relação aos primeiros seis meses do ano passado. Tendência é de aumento ainda maior do intercâmbio internacional com a adesão à OCDE

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O Brasil registrou valor recorde no comércio internacional com os Estados Unidos no primeiro semestre de 2022. Levantamento da câmara de comércio Amcham aponta que a troca de bens entre nosso país e os norte-americanos somou US$ 42,7 bilhões no período, um aumento de 43,2% em relação aos primeiros seis meses do ano passado. Segundo especialistas, a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tende a melhorar ainda mais essa relação, além do comércio com outras potências mundiais.

Fabrizio Panzini, superintendente de Relações Governamentais da Amcham, explica que o recorde identificado pelo Monitor do Comércio Brasil-EUA tem entre as razões principais o cenário internacional, que fez com que aumentassem as trocas de bens do setor de energia, como petróleo, gás natural e óleos de petróleo, e uma alta demanda nos Estados Unidos por produtos variados.

“Além disso, o cenário internacional gerou uma certa escassez de alguns produtos que o Brasil precisa, como é o caso de fertilizantes, que teve um aumento de mais de 200% de compra dos Estados Unidos. No caso das exportações do Brasil para os Estados Unidos, também o tema do petróleo está muito importante e o grande aumento foi em óleos brutos de petróleo que o Brasil enviou aos Estados Unidos”, pontua Fabrizio. “Também teve uma certa variedade de outros produtos que tiveram maior presença na pauta, como café, carne bovina, até mesmo aeronaves e produtos de madeira.”

O superintendente da Amcham acredita que o comércio internacional com os Estados Unidos, bem como com outras potências mundiais tende a crescer ainda mais com a entrada do Brasil na OCDE, um grupo de países que representa mais de 60% do PIB e mais de 60% do comércio internacional. “A OCDE reúne ali as melhores práticas de políticas públicas em diversas áreas, de educação, tributação, meio ambiente, comércio internacional, investimentos. Então, entre essas boas práticas que o Brasil pode absorver estando mais inserido na OCDE estão justamente a melhoria do seu ambiente de negócio e a melhoria de regras para receber mais investimentos estrangeiros e para participar mais dos fluxos de importação e dos fluxos de exportação no comércio internacional”, destaca.

Os Estados Unidos são fortes apoiadores do ingresso do Brasil na organização. Em visita ao país, em abril deste ano, o subsecretário de Estado para o Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente dos EUA, José W. Fernandez, destacou que é importante que o Brasil alinhe suas atuações com os valores e padrões da OCDE, já que isso vai atrair mais investidores, gerar mais vagas diretas e indiretas em diversos setores e aprimorar as relações comerciais internacionais com diversas nações, entre elas a norte-americana.

Renan Gomes De Pieri, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), explica que, historicamente, o Brasil sempre teve um relacionamento comercial muito forte com os Estados Unidos, sendo por muitas décadas o principal parceiro comercial do Brasil, até ser substituído pela China. Ele acredita que a entrada do Brasil na OCDE pode potencializar esse comércio, não só com o país norte-americano, como também com outras nações desenvolvidas.

“Entrar na OCDE exige uma melhora do ambiente institucional do Brasil. E essa melhora, por si só, já vai levar o país a um outro patamar de abertura, de participação no comércio exterior. Esse aumento de comércio é muito importante para o Brasil, uma vez que a entrada de dólares através das exportações no país possibilita uma maior valorização da moeda doméstica e uma maior importação de bens de outros países pode significar custos mais baixos para as empresas, mais tecnologia, principalmente quando a gente fala de importação de bens de capital”, explica Renan.

Ainda segundo o economista, só essa entrada de dólares acima do esperado no Brasil trará diversos benefícios ao país, aumentando o crescimento econômico neste momento de pós-pandemia. E, segundo ele, será uma pequena mostra do quanto podemos ter de retorno com a adesão à OCDE.

Indústria se destaca na exportação

As exportações brasileiras para os Estados Unidos cresceram 31,9% nos primeiros seis meses de 2022, registrando US$ 17,7 bilhões. O maior valor anterior para o mesmo período ocorreu em 2019: R$ 14,7 bilhões.

As indústrias de transformação e extrativista foram as que mais se destacaram entre as exportações. Os produtos mais exportados aos Estados Unidos no período foram os semiacabados de ferro e aço, com alta de 7,3% em relação ao ano anterior, além do petróleo bruto, que registrou aumento de 121%.

Reflexos do conflito na Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia gerou impacto direto na exportação de produtos do setor de energia e combustível, principalmente petróleo e derivados, fertilizantes, insumos químicos, entre outros.  Como consequência, a procura desses produtos vindos de outros países tem aumentado consideravelmente, principalmente no Brasil.

De acordo com os dados do Monitor de Comércio da Amcham, 43,7% do total de importações nacionais dos Estados Unidos foi de compras de produtos de energia, em especial combustíveis e derivados de petróleo, gás natural, petróleo bruto e carvão. A procura por esses produtos foi tão intensa que a importação exclusiva dos Estados Unidos pelo Brasil cresceu 52,4% em comparação ao semestre anterior. 
 

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08/01/2022 14:50h

Segundo a infectologista Joana D'arc, o período médio que uma pessoa infectada ainda fica capaz de transmitir a doença é de 10 dias

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O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos diminuiu o tempo recomendado de isolamento social em caso de resultado positivo para Covid-19. Em vez de dez dias, a recomendação agora é de que sejam levados em conta cinco dias, caso não haja surgimento de sintomas — e se usarem máscaras por perto de outras pessoas por pelo menos mais cinco dias.

Na avaliação da infectologista Joana D'arc, as medidas levaram em conta problemas locais, políticos e comerciais. Segundo ela, as recomendações deveriam ser mais amplas, de forma a atender a demanda de outros países. 

“Quando se faz o teste de PCR ou antigênico, não há como determinar há quanto tempo a pessoa está infectada. Para você exigir cinco dias de isolamento e sair após esse período, na maioria dos países, eles exigem outro teste, para que se possa voltar ao convívio normal. Isso, após um período de isolamento e quarentena”, considera. 

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O CDC também decidiu que pessoas que entraram em contato com outras infectadas devem realizar a testagem no quinto dia do contato. Além disso, para quem não tomou a vacina ou possui dose em atraso, a recomendação é de que haja um período de 5 dias em quarentena e um rigoroso uso de máscara por mais 5 dias.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira (7) que a Pasta e a Secretaria de Vigilância em Saúde avaliam reduzir o tempo de isolamento de pessoas infectadas. "Está sendo adotada em outros países e tem acento em evidências científicas. É possível que adotemos essa mesma conduta. Isso está em estudo na área técnica, na Secretaria de Vigilância e Saúde, e hoje tenho reunião com os secretários para tratar desse tema”, disse o ministro.

Até o fechamento desta reportagem, o Ministério da Saúde havia informado, por meio de nota, que o ministro afirmou apenas que “há a possibilidade de o  Brasil rever o intervalo da quarentena da Covid-19.” E que não houve declaração de que “profissionais da saúde estarão autorizados a voltar ao trabalho ainda infectados pela doença.”

Por quanto tempo a pessoa ainda pode transmitir a Covid-19?

Em junho de 2021, o portal Brasil61.com publicou reportagem com informações de quantos dias uma pessoa infectada com coronavírus pode transmitir Covid-19. Na época, foi dado que o período de incubação do vírus é de 2 a 14 dias, tempo que pode levar para os primeiros sintomas aparecerem. 

Para Joana D'arc, atualmente, o período médio que uma pessoa infectada ainda fica capaz de transmitir a doença é de 10 dias. Por isso, é preciso avaliar o convívio social e tornar as medidas protetivas, como uso de máscara, habituais. 

“Pessoas com sintomas leves ou assintomáticas podem transmitir a doença até em torno de 10 dias. Quem tem sintomas, ficou hospitalizado ou teve a doença na forma grave, o período vai até 20 dias. Mas, a média é de 10 dias de quarentena, de isolamento”, ressalta. 

Decisões do CDC para os Estados Unidos

  • Isolamento passa para 5 dias após teste positivo.
  • Se assintomático, pode sair do isolamento desde que mantenha o uso de máscara por 5 dias.
  • Pessoas que entraram em contato com pessoas positivas devem realizar a testagem no quinto dia do contato.
  • Quem tomou a dose de reforço, não precisa ficar em quarentena, mesmo após o contato com um infectado. A orientação é apenas que use máscara por 10 dias.
  • Para quem não tomou a vacina ou possui dose em atraso, o CDC recomenda o período de 5 dias em quarentena e um “rigoroso uso de máscara” por outros 5 dias.
     
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03/12/2021 03:00h

Relatora do projeto que deu forma ao acordo no Senado, Kátia Abreu (PP/TO) destacou que 2021 deve registrar recorde de importações e exportações na relação bilateral

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A senadora Kátia Abreu (PP/TO) acredita que o Acordo de Comércio e Cooperação Econômica entre Brasil e Estados Unidos vai impulsionar a relação comercial entre os dois países. O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 484/2021, que dá forma ao compromisso, foi promulgado pelo Congresso Nacional recentemente. O acordo, sustentado sobre três pilares, visa facilitar o comércio, simplificar a regulação e combater a corrupção na relação entre brasileiros e norte-americanos. 

Relatora do projeto no Senado, Kátia Abreu diz que o compromisso deixa claro o desejo dos dois países de levar a relação comercial entre ambos a um novo patamar. Em 2020, Brasil e Estados Unidos viram as exportações e importações entre si diminuírem 23,5%, principalmente por causa da pandemia. 

Este ano, a relação já dá sinais de melhora significativa. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia,  o comércio entre Brasil e EUA movimentou US$ 56 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. O valor é 39% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. 

“O acordo é oportuno dado que este ano Brasil e Estados Unidos deverão apresentar uma corrente de comércio recorde da ordem de US$68 bilhões, com volume de exportações inédito do Brasil para os Estados Unidos, que pode alcançar US$37 bilhões, sendo um vetor para o fortalecimento ainda maior das relações comerciais e econômicas entre os dois países”, destacou a senadora em plenário. 

As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 25,2 bilhões até outubro, alta de 47% em relação a 2020. Já as importações vindas dos norte-americanos alcançaram US$ 30,8 bilhões nos dez primeiros meses de 2021, o que representa um crescimento de 33,1% na comparação com o ano passado. 

De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham) para o Brasil, 2021 pode terminar com um recorde triplo na relação comercial entre os dois países: maior valor corrente, maior valor de exportações brasileiras e maior valor de importações pelo Brasil. 

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Pilares

A senadora Kátia Abreu destacou um dos pilares do compromisso, que visa aperfeiçoar as práticas regulatórias. O compromisso impede a regulação abusiva de produtos pelos órgãos competentes, a fim de dar mais transparência, previsibilidade e concorrência. Dessa forma, as agências reguladoras de cada país não podem mudar regras sobre produtos sem que os exportadores do outro país possam se posicionar de modo prévio. 

“O Brasil precisa aprender a não mudar as regras no meio do jogo. Pega de surpresa o empresariado nacional e pega de surpresa o empresário internacional do país com que você está comercializando. Agora não vai poder mais. Para mudar a regra no meio do caminho, vai ter que fazer audiências públicas, vai ter que dar publicidade nisso tudo”, reforça. 

Segundo a Amcham Brasil, a adoção dessas práticas pode reduzir em até 20% o custo das exportações do Brasil para os Estados Unidos. 

Facilitar o comércio entre os dois países por meio da redução de burocracias administrativas é um dos objetivos da parceria, o que tende a simplificar e agilizar as exportações e importações. Entre as medidas estão a criação de centros de informações para responder às consultas de pessoas interessadas nos procedimentos de importação, exportação e trânsito de mercadorias; adoção de procedimentos para o pagamento eletrônico de tributos, impostos, taxas ou encargos cobrados sobre transações de importação ou exportação; instituição de tratamento diferenciado para os bens agrícolas e outros vulneráveis à deterioração. 

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), regras de facilitação do comércio têm a capacidade de reduzir em até 13% o custo para os exportadores. José Oswaldo Cândido, professor de relações internacionais do Ibmec Brasília, destaca a importância do acordo. “Esse acordo tenta colocar procedimentos, inclusive tecnológicos, para reduzir o custo das exportações e das importações dos dois países e, com isso, você poderá melhorar, simplificar e dar mais agilidade, facilitando as trocas comerciais.”

Potencializar o combate à corrupção nas relações comerciais entre os dois países constitui uma das bases do acordo. Além de prever a criminalização para pessoas físicas, o instrumento incluiu empresas e ampliou para civil e administrativa as esferas de responsabilização para os agentes que praticam irregularidades. 

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23/11/2021 02:00h

Compromisso assinado pelos dois países no ano passado prevê facilitação do comércio, adoção de boas práticas regulatórias e medidas anticorrupção

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​​​​O Congresso Nacional promulgou o protocolo do Acordo de Comércio e Cooperação Econômica entre Brasil e Estados Unidos, aprovado pelo Senado na última quarta-feira (17). Firmado entre os dois países em outubro do ano passado, o compromisso precisava do aval dos parlamentares para começar a valer. 

O acordo entre brasileiros e norte-americanos tem três pilares: facilitar o comércio, simplificar a regulação e combater a corrupção na relação bilateral. Especialistas e parlamentares favoráveis à proposta, sob a forma do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 484/2021, acreditam que as medidas tendem a aumentar o fluxo de mercadorias do Brasil com o seu segundo maior parceiro comercial.   

Em entrevista ao portal  Brasil61.com, o senador Esperidião Amin (PP/SC) ressaltou que o compromisso não traz modificações de tarifas aduaneiras, mas vai permitir a redução de custos operacionais e burocráticos, o que deve impulsionar o comércio entre os dois países. 

“Não é um acordo substantivo. Ele adiciona mais transparência, reciprocidade. Então, é uma facilidade burocrática. Faz parte, portanto, do esforço assinado no ano passado de, em plena pandemia, facilitar o aumento do intercâmbio comercial com facilidades operacionais. Por isso, foi aprovado, e acho que favorece a esse incremento de atividade e de intercâmbio comercial com os Estados Unidos”, destacou. 

Para Esperidião Amin (PP/SC), a aprovação do acordo pode contribuir no processo de adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, que o país tenta desde 2017. “Cada etapa, cada degrau que você vence na escada da simplificação de relação tem uma acumulação de impacto positivo. Apreciar qual o volume é muito difícil, mas é bom”, conclui. 

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Pilares

Facilitar o comércio entre os dois países por meio da redução de burocracias administrativas é um dos objetivos da parceria, o que tende a simplificar e agilizar as exportações e importações. Entre as medidas estão a criação de centros de informações para responder às consultas de pessoas interessadas nos procedimentos de importação, exportação e trânsito de mercadorias; adoção de procedimentos para o pagamento eletrônico de tributos, impostos, taxas ou encargos cobrados sobre transações de importação ou exportação; instituição de tratamento diferenciado para os bens agrícolas e outros vulneráveis à deterioração. 

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), regras de facilitação do comércio têm a capacidade de reduzir em até 13% o custo para os exportadores. O acordo deve ajudar uma retomada mais enérgica da relação comercial entre os dois parceiros, que viram as exportações e importações entre si diminuírem 23,5% em 2020 por causa da pandemia. 

Este ano, a relação já dá sinais de melhora significativa. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia,  o comércio entre Brasil e EUA movimentou US$ 56 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. O valor é 39% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. 

As exportações brasileiras para os Estados Unidos somaram US$ 25,2 bilhões até outubro, alta de 47% em relação a 2020. Já as importações vindas dos norte-americanos alcançaram US$ 30,8 bilhões nos dez primeiros meses de 2021, o que representa um crescimento de 33,1% na comparação com o ano passado. 

De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham) para o Brasil, 2021 pode terminar com um recorde triplo na relação comercial entre os dois países: maior valor corrente, maior valor de exportações brasileiras e maior valor de importações pelo Brasil. 

José Oswaldo Cândido, professor de relações internacionais do Ibmec Brasília, destaca a importância do acordo. “Esse acordo tenta colocar procedimentos, inclusive tecnológicos, para reduzir o custo das exportações e das importações dos dois países e, com isso, você poderá melhorar, simplificar e dar mais agilidade, facilitando as trocas comerciais.”

O trato entre brasileiros e norte-americanos também visa à implementação de boas práticas regulatórias, além de impedir regulação abusiva de produtos pelos órgãos competentes, a fim de dar mais transparência, previsibilidade e concorrência. Dessa forma, as agências reguladoras de cada país não podem mudar regras sobre produtos sem que os exportadores do outro país possam se posicionar de modo prévio. Segundo a Amcham Brasil, a adoção dessas práticas pode reduzir em até 20% o custo das exportações do Brasil para os Estados Unidos. 

Potencializar o combate à corrupção nas relações comerciais entre os dois países constitui uma das bases do acordo. Além de prever a criminalização para pessoas físicas, o instrumento incluiu empresas e ampliou para civil e administrativa as esferas de responsabilização para os agentes que praticam irregularidades.                  

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